Ao encerrar, já dobradas as primeiras horas de domingo, a Conferências das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP29) que decorreu num estádio de Baku, Azerbaijão, o seu presidente, Mukhtar Babayev, declarou: “Chegámos ao fim de um capítulo decisivo da crise climática.” Minutos antes tinha anunciado o acordo de todos os países para o ponto central desta reunião: o financiamento aos países em desenvolvimento, por parte dos países desenvolvidos, para que possam fazer a transição energética e a adaptação às consequências das alterações climáticas. Um resultado de que apenas Baku e a Comissão Europeia se orgulharam. O acordo prevê que os “responsáveis históricos” pelas alterações climáticas (23 países e a UE) passem a financiar os restantes com 300 mil milhões de dólares por ano, até 2035. É o triplo do valor atual, fixado na COP15 para funcionar entre 2020 e 2025, embora a meta só tenha sido atingida em 2022. Os países em desenvolvimento exigiam no mínimo 600 mil milhões por ano. O texto prevê que a contribuição dos países ricos provenha dos seus fundos públicos, complementados por investimentos privados que mobilizem ou garantam, ou de “fontes alternativas”, o que significa a criação de eventuais impostos globais. O financiamento de países não-desenvolvidos concedido através de bancos de desenvolvimento também pode ser contabilizado para o objetivo de 300 mil milhões. No final, houve uma torrente de críticas, quer à forma como os trabalhos foram conduzidos, quer ao resultado final. “O montante que se propõe mobilizar é abismalmente pobre. Trata-se de uma quantia insignificante. Este documento é pouco mais do que uma ilusão de ótica”, considerou a negociadora da Índia, Chandni Raina. “A oferta do Norte Global não é apenas inadequada: é um insulto a todos os africanos que já sofrem com as catástrofes climáticas. Não é financiamento climático, é colonialismo climático”, disse por sua vez o estratega político da Greenpeace África, Fred Njehu..Mas os Estados mais necessitados acabaram por se resignar, até porque se espera que os EUA deem uma guinada na sua política ambiental e climática sob a presidência de Donald Trump, o homem que considera as alterações climáticas uma “fraude”. Não é também de crer que aceite que a China - o maior poluidor mundial -, tal como Singapura ou os países do Golfo, se mantenha do lado dos países em desenvolvimento, tendo nesta COP sido convidados a contribuir financeiramente numa base “voluntária”. Enquanto a ministra francesa da Transição Ecológica, Agnès Pannier-Runacher, classificou o acordo de “dececionante”, para a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, entrou-se numa “nova era”, tendo dito que o acordo “reduzirá as emissões” de gás com efeito de estufa. Um tema ignorado no documento final quando se prevê que em 2024 as emissões de CO2 atinjam um novo máximo, mais 0,8 pontos que em 2023.