“O cenário é de guerra civil”, dizem os repórteres da TV Globo ao vivo da zona norte do Rio de Janeiro, onde a polícia efetuou uma megaoperação contra a organização criminosa Comando Vermelho, nesta terça-feira, 28 de outubro, que já resultou em, pelo menos, 64 mortes, das quais quatro de agentes de segurança, segundo informações do governo estadual. É a operação mais letal da história da cidade.A Operação Contenção, que visa prender líderes criminosos do Rio de Janeiro e de outros estados e combater a expansão do Comando Vermelho, mobilizou cerca de 2500 agentes, que entraram em confronto com os supostos criminosos. À chegada das equipas policiais, ainda de madrugada no Brasil, os traficantes reagiram com tiros - num vídeo divulgado ouve-se cerca de 200 disparos num minuto -, barricadas e bloqueios em zonas nevrálgicas da cidade. Mais tarde despejaram bombas sobre a polícia por drones. “É assim que a polícia do Rio de Janeiro é recebida por criminosos: com bombas lançadas por drones. Esse é o tamanho do desafio que enfrentamos. Não é mais crime comum, é narcoterrorismo”, escreveu nas redes sociais o governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.Centenas de escolas fecharam, incluindo universidades, e dezenas de clínicas suspenderam os seus atendimentos. As empresas rodoviárias da cidade, segundo o G1, deixaram de contabilizar a meio da tarde quantos autocarros desviaram o trajeto devido à operação. “A cidade está sitiada, está todo o mundo com medo”, resumiu um taxista ouvido pela imprensa brasileira.O jornal brasileiro O Globo informou que entre os detidos está Edgard Alves de Andrade, conhecido por Doca, um dos principais líderes do Comando Vermelho. Mais tarde foi preso outro dos chefes, Thiago Nascimento Mendes, chamado de Belão, além de Nicolas Soares, considerado o operador financeiro do grupo.A ação da polícia civil e militar, que conta com o apoio do Ministério Público, gerou entretanto uma guerra de versões política. O governador Cláudio Castro, do PL, o partido de Jair Bolsonaro, acusou o governo federal de não ter querido ajudar na operação: “tivemos pedidos negados três vezes, cada dia por uma razão”. O ministério da Justiça e Segurança Pública do governo Lula da Silva diz que atendeu “todos os 11 pedidos de renovação do apoio da Força Nacional”.“Foram efetuadas 210 prisões, apreendidas 10 toneladas de drogas e 190 armas de fogo este ano, números que refletem o esforço da Polícia Federal no combate ao crime organizado”, disse o ministério em comunicado.