O Presidente da República anunciou esta quarta-feira que pretende entregar presencialmente o Grande-Colar da Ordem da Liberdade ao seu homólogo da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e reiterou a sua vontade de se deslocar a Kiev "logo que seja possível".."Eu tenciono entregar [a condecoração] pessoalmente quando for à Ucrânia. É o que tenho feito com os chefes de Estado e com outros condecorados com essa ordem e outras ordens: é, na medida do possível, na primeira ocasião, entregar-lhes", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa..O chefe de Estado falava aos jornalistas Picadeiro Real, em Lisboa, pouco depois de ter recebido a Força Operacional Conjunta (FOCON), que esteve em missão na Turquia..Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que, quando decidiu condecorar a ex-chanceler alemã Angela Merkel, com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, também só lhe concedeu essa condecoração "algum tempo depois".."A chanceler Merkel não pôde - por razões da vida política alemã e, depois, da sua vida pessoal - deslocar-se a Portugal e eu não tive a oportunidade de ir à Alemanha. Recebeu algum tempo depois. Assim acontecerá com o Presidente Zelensky", disse..Questionado se faz sentido Portugal fazer-se representar oficialmente na Ucrânia nos próximos tempos, seja através do primeiro-ministro ou do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Eu não sei, falei com o senhor primeiro-ministro para saber exatamente o que é que ele pensa".."Eu continuo a tencionar [ir à Ucrânia], logo que seja possível e vamos ter finalmente uma nova embaixadora da Ucrânia em Portugal", sublinhou..Marcelo recordou que Portugal esteve "muitos meses" sem embaixadora da Ucrânia em Portugal, frisando que a anterior diplomata, Inna Ohnivets, "foi substituída, ficou ainda um tempo, mas, no fundo, numa posição transitória".."Chega uma [nova] embaixadora e, portanto, isso vai permitir programar para o momento em que a Ucrânia entender adequado uma visita minha à Ucrânia", disse..Na quarta-feira passada, numa nota colocada no portal da Presidência na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou a condecoração do Presidente da Ucrânia, admitindo que antecipou o anúncio na sequência de uma "iniciativa parlamentar sobre esta matéria".."O Presidente da República tencionava anunciar no dia 24 deste mês, data em que se completa um ano sobre a agressão da Rússia contra a Ucrânia, a condecoração do Presidente Zelensky. Tendo em conta a iniciativa parlamentar sobre esta matéria, anuncia desde já que decidiu atribuir ao Presidente da Ucrânia o Grande-Colar da Ordem da Liberdade", podia ler-se na nota..De acordo com a edição do Público daquele dia, o PAN pretendia assinalar o primeiro ano da guerra com uma proposta de condecoração de Zelensky, o que levou o chefe de Estado português a antecipar o anúncio.. O Presidente da República antecipou que os próximos meses vão ser "um período decisivo" para a guerra na Ucrânia, com os dois intervenientes a procurarem chegar ao outono numa posição de força..Em declarações aos jornalistas no Picadeiro Real, em Lisboa, pouco depois de ter recebido a Força Operacional Conjunta (FOCON) que esteve em missão na Turquia, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre o primeiro ano de guerra na Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro de 2022..O chefe de Estado antecipou que as próximas semanas vão ser um "período decisivo" no conflito, porque "recomeça o degelo", o que vai possibilitar "o combate clássico no terreno, nomeadamente com carros de combate".."Aquilo que se vai passar é saber se a Ucrânia consegue - como vai tentar, com todos os meios - recuperar aquilo que perdeu a partir da invasão há um ano, e a Federação Russa manter aquilo que ocupou ao longo do último ano", previu..O Presidente da República reforçou que os próximos meses vão ser "decisivos", salientando que tanto a Rússia como a Ucrânia querem chegar ao momento, no "fim do verão, outono", de "medir as posições no terreno e ver se está ou mais forte ou se está mais fraca" e perceber "qual é o espaço que tem para uma guerra mais longa ou se está já em condições de poder aceitar um caminho para a paz".."Neste momento, vai jogar-se tudo nos próximos meses", salientou..Questionado se espera pelo menos mais seis meses de guerra, o chefe de Estado respondeu: "Vão ser longos meses sem dúvida e vão ser meses muito importantes por que os dois têm muito a ganhar e têm muito a perder".."A Ucrânia vai ser apoiada fortemente pela NATO, pelos Estados Unidos e pela Europa e a Federação Russa está a tentar ao menos um apoio de princípio maior da República Popular da China", antecipou..Marcelo Rebelo de Sousa afirmou ainda que esta semana tem tido "dias muito intensos", com a "visita histórica" do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Kiev e com o "discurso sobre o estado da Nação" do líder da Rússia, Vladimir Putin..Segundo a análise do Presidente da República, cada qual esgrimiu "os seus argumentos fortes", com Biden a reforçar que irá estar ao lado da Ucrânia "o tempo que for necessário" e Putin a tomar a "atitude possível que tinha, que é desvincular a Rússia do tratado de controlo de armamento nuclear".."Não quer dizer que [Putin] vá utilizar o armamento nuclear, era um argumento que tinha à mão para mostrar a sua reação à posição forte do Presidente norte-americano", considerou..Sobre a postura de Portugal perante o conflito, Marcelo recordou que o país decidiu enviar os carros de combate Leopard 2 para a Ucrânia, vai participar na formação de militares ucranianos e "fornecer mais munições".."Aquilo que pode fornecer, e que está em condições de dar no quadro da NATO, Portugal está a fazê-lo. Agora a NATO, como sabe, está a evitar intervir no teatro das operações", recordou Marcelo.