Em Doha, as equipas de negociadores reuniram-se na esperança de que um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas seja concluído nas próximas horas. Uma delegação da Jihad Islâmica, grupo islamista aliado do Hamas e que detém cativos israelitas, chegou à capital do Qatar para se juntar às conversações. No entanto, depois de mais de oito horas de reunião, o Hamas não deu uma resposta definitiva porque Israel não tinha apresentado mapas para onde as suas forças irão retirar-se, segundo a Reuters. Outra agência, a Associated Press, dava como certo que o Hamas tinha aceitado a proposta de acordo em cima da mesa. Para o primeiro-ministro israelita, o entendimento está “por horas ou dias”. Benjamin Netanyahu recebeu grupos de familiares de reféns, tendo confirmado que a primeira fase do acordo prevê um cessar-fogo de seis semanas, período em que serão libertados 33 dos 98 reféns em posse dos grupos islamistas. Segundo declarações dos familiares após as reuniões, o chefe do governo de coligação disse que serão libertadas as restantes mulheres, os idosos e os doentes. O Canal 12 israelita, sem citar fontes, disse que as primeiras pessoas a libertar são três mulheres civis do sexo feminino e Ariel e Kfir Bibas, raptados com quatro anos e nove meses, respetivamente. No início da guerra, o Hamas afirmou que as crianças e a sua mãe, Shiri, tinham sido mortos num ataque aéreo israelita. .33Reféns serão libertados numa primeira fase, caso o acordo se concretize. Em troca, Israel libertará mais de mil prisioneiros palestinianos.. Em troca, as forças israelitas irão retirar-se das áreas mais povoadas da Faixa de Gaza; 30 prisioneiros palestinianos serão libertados por cada refém civil devolvido a Israel e 50 por cada militar, ou seja, 1090 palestinianos sairão das prisões israelitas; a ajuda humanitária ao enclave bombardeado há 15 meses irá aumentar e os palestinianos deslocados poderão regressar ao ponto de origem. O que está em cima da mesa “não é um acordo parcial, é um acordo gradual”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar. Ao 16.º dia da trégua, as partes vão iniciar as negociações sobre os termos da segunda fase. Questionado pelos familiares dos reféns sobre este ponto, Netanyahu explicou que prefere separar as negociações. Se a segunda fase do acordo entrar em vigor, serão libertados os restantes reféns vivos. Em troca, um número por determinar de reclusos ficará livre e dar-se-á uma retirada total das tropas israelitas de Gaza. A terceira fase prevê o envio dos corpos dos restantes reféns em troca por restos mortais de combatentes palestinianos; a execução de um plano de reconstrução de Gaza, e a reabertura dos postos fronteiriços do enclave. .16Dias depois do início do cessar-fogo, Israel e Hamas iniciarão negociações sobre uma segunda fase, tendo 26 dias para se alcançar um cessar-fogo permanente.. Centenas de manifestantes da extrema-direita manifestaram-se na terça-feira à noite contra o acordo em Jerusalém. “Um terrorista libertado é um assassino no futuro”, era uma das frases da ordem, segundo o The Times of Israel. Horas antes, o ministro Itamar Ben Gvir apelou para que o seu aliado no governo Bezalel Smotrich se juntasse numa campanha para impedir o acordo. Gvir disse que já o fizeram anteriormente e que, caso Netanyahu não ceda, sugeriu a demissão de ambos do executivo.Declarações que validam as declarações de um diplomata árabe ao The Times of Israel, ao dizer que o acordo é praticamente o que está na mesa desde maio: “Poderia ter-se chegado a um acordo muito mais cedo, mas ambas as partes levaram a que as conversações se desmoronassem em várias alturas.”.Avanços e recuos nas negociações31 de maio Sob iniciativa do presidente dos EUA, Joe Biden, é apresentada uma proposta para o fim da guerra em três fases. 9 de novembro Os diplomatas do Qatar anunciam a suspensão do seu papel de mediadores, alegando falta de vontade e de seriedade de israelitas e do Hamas.28 de novembro Um dia depois de Telavive ter chegado a acordo de cessar-fogo com o Hezbollah, Biden disse que os EUA iriam intensificar os esforços para um acordo de Israel com o Hamas. 17 de dezembro O ministro da Defesa Israel Katz diz que um acordo está próximo, e do lado palestiniano fala-se em “fase decisiva e final” de negociações. 4 de janeiro As negociações regressam à capital do Qatar depois de uma troca de acusações na semana anterior.