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Malas com cocaína 'viajavam' do Brasil para a Europa: passageiros tinham bagagem com etiquetas trocadas

O esquema usava passageiros inocentes e envolvia funcionários do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Líder do grupo criminoso foi preso pela Polícia Federal brasileira depois de uma investigação de dois anos. Portugal foi um dos destinos da droga.
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A Polícia Federal do Brasil prendeu o homem suspeito de ser o líder de um grupo criminoso que atuava no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, a despachar malas cheias de cocaína em nome de passageiros inocentes para a Europa.

As investigações começaram em março de 2023, quando duas cidadãs brasileiras foram presas ao desembarcar no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, suspeitas de tráfico de droga. Duas malas cheias de cocaína, 40 quilos ao todo, estavam no mesmo voo, cada uma com o nome de uma passageira. Na altura, as brasileiras passaram 38 dias presas na Alemanha até conseguirem provar que não eram as donas da droga, num caso que teve repercussão internacional.

Segundo informações da Polícia Federal exibidas numa grande reportagem do Fantástico, programa da TV Globo, o líder do grupo criminoso coordenava todo o esquema, que envolvia funcionários de companhias aéreas e do aeroporto.

A bagagem com drogas era despachada por elementos da quadrilha e, já na parte interna do aeroporto, onde é feito a preparação das mesmas para seguirem para o avião, outros membros do grupo efetuavam as trocas das etiquetas: imprimiam e colavam nas malas com droga a identificação em nome dos passageiros inocentes e retiravam as etiquetas corretas das malas originais destas pessoas.

Entre os destinos para os quais o grupo enviou malas com cocaína estavam Alemanha, França e Portugal. A Polícia Federal também suspeita do envolvimento do líder do grupo com o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa brasileira que já deu sinais de presença em solo nacional.

Com a prisão deste homem, a PF soma agora 17 arguidos pelo envolvimento com a organização criminosa, sendo que 15 já foram julgados e condenados, um deles recebendo uma pena de 39 anos de prisão.

Segundo os depoimentos, recebiam pagamentos que variavam entre os 10 000 e os 30 000 reais (1 540 a 4 617 euros ao câmbio atual) pelo trabalho neste esquema.

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