Mal cabe na palma da mão. Segundo maior diamante do mundo encontrado no Botswana
Um enorme diamante de 2.492 quilates - o segundo maior do mundo - foi descoberto no Botswana, anunciou nesta quinta-feira a empresa mineira canadiana que encontrou a pedra.
O diamante foi descoberto na mina de diamantes de Karowe, no nordeste do Botswana, através de tecnologia de deteção de raios X, disse a Lucara Diamond Corp.
A empresa não forneceu uma estimativa do valor da descoberta. Em termos de quilates, a pedra só perde para o diamante Cullinan, de 3.016 quilates, descoberto na África do Sul em 1905.
“Estamos extasiados com a recuperação deste extraordinário diamante de 2.492 quilates”, disse o presidente da Lucara, William Lamb, em comunicado.
Este é “um dos maiores diamantes em bruto já descobertos” e foi detetado através da tecnologia de raios X Mega Diamond Recovery da empresa, instalada em 2017 para identificar e preservar diamantes grandes e de alto valor, refere o comunicado.
O diretor-geral da Lucara Botswana, Naseem Lahri, apresentou a pedra translúcida, que mal cabe na palma de uma mão, ao presidente do país africano, Mokgweetsi Masisi, nesta quinta-feira.
“Disseram-me que este é o maior diamante descoberto no Botswana até à data e o segundo maior em todo o mundo”, congrastulou-se Masisi, felicitando a empresa pela descoberta. "Isto é precioso."
O Botswana é um dos maiores produtores mundiais de diamantes, que constituem a sua principal fonte de rendimento, representando 30 por cento do PIB e 80 por cento das suas exportações, segundo dados do Fundo Monetário Internacional.
O país árido e pouco povoado, onde vivem cerca de 2,5 milhões de pessoas, era pobre na altura da sua independência da Grã-Bretanha, em 1966. Os diamantes foram descobertos um ano depois e hoje o país é o maior produtor mundial em termos de valor, afirma o FMI.
A Lucara paga royalties de 10 por cento do valor bruto das vendas dos diamantes produzidos em Karowe ao governo, independentemente de o diamante ser vendido em bruto ou polido.
“Com um diamante desta magnitude, consigo ver estradas a serem construídas”, disse o presidente Masisi, enquanto posava para fotografias com a enorme pedra.
Mais de 36 milhões de euros
Tobias Kormind, diretor-geral da maior joalharia de diamantes online da Europa, a 77 Diamonds, confirma que este foi o maior diamante em bruto descoberto desde o Diamante Cullinan, partes do qual adornam as joias da coroa britânica.
"Esta descoberta deve-se em grande parte à mais recente tecnologia que permite que os diamantes maiores sejam extraídos do solo sem se partirem em pedaços. Por isso, provavelmente veremos mais de onde vieram estes diamantes", disse.
Antes de a descoberta ser anunciada na quinta-feira, o maior diamante descoberto no Botswana era uma pedra de 1.758 quilates extraída por Lucara na mina de Karowe, em 2019, e chamada Sewelo.
A Lucara encontrou também uma pedra de diamante de 1.174 quilates no Botswana em 2021, utilizando a mesma tecnologia de raios X.
A mina iniciou a produção em 2012 e desde então vendeu 216 diamantes por mais de 1 milhão de dólares cada e mais de 11 diamantes individuais por mais de 10 milhões de dólares cada, refere a empresa.
A indústria mineira de diamantes foi prejudicada pelas versões cultivadas em laboratório e pelos valores mais fracos. “Os preços dos diamantes estão a passar por um momento difícil agora”, disse o chefe de Estado do Botswana. "Mas todo o diamante é precioso e valioso. Temos de otimizar e conseguir o melhor preço para esse diamante."
O jornal Financial Times noticiou que fontes da empresa Lucara, que não foram identificadas, estimaram que a pedra preciosa poderia valer mais de 40 milhões de dólares (cerca de 36 milhões de euros à taxa de câmbio atual).
Outros diamantes famosos
Após a descoberta do segundo maior diamante do mundo no Botswana, eis outras descobertas famosas de diamantes:
- O maior de todos os tempos: o Cullinan -
Acredita-se que o maior diamante com qualidade de gema já encontrado é o Cullinan, descoberto em 1905 na África do Sul e com 3.106 quilates.
Entre as pedras cortadas estava a Estrela de África, que faz parte das joias da coroa britânica expostas na Torre de Londres.
- Destronado: Sewelo -
O diamante Sewelo de 1.758 quilates era até esta quinta-feira o segundo maior diamante da história.
Foi extraído no Botswana também pela empresa Lucara em 2019.
O grupo de luxo LVMH, propriedade de Bernard Arnault, que já esteve recentemente listado como o homem mais rico do mundo, comprou o diamante do tamanho de uma bola de ténis em janeiro de 2020.
- Lesedi La Rona -
O Lesedi La Rona, de 1.109 quilates – um diamante também do tamanho de uma bola de ténis – foi descoberto em Karowe, no nordeste do Botswana, também pela empresa Lucara, em novembro de 2015.
Foi comprado pelo joalheiro britânico Laurence Graff por 53 milhões de dólares em setembro de 2017.
- O Excelsior -
O diamante Excelsior, encontrado em 1893 na África do Sul, pesava 995 quilates sem lapidação. A maior pedra lapidada tem 69 quilates, que foi comprada em 1996 pelo joalheiro Robert Mouawad.
- A Estrela da Serra Leoa -
O diamante foi encontrado na Serra Leoa em 1972 e pesava pouco menos de 969 quilates e rendeu 17 pedras, a maior das quais tem 53,96 quilates.
- Lesoto -
A empresa mineira britânica Gem Diamonds disse em janeiro de 2018 que tinha descoberto a pedra de 910 quilates na mina de Letseng, no Lesoto, um país sem litoral no sul de África.
- O Incomparável -
A pedra com 890 quilates foi encontrada na década de 1980 no que era então o Zaire, hoje República Democrática do Congo, por uma jovem que brincava à porta de sua casa, perto dos resíduos de uma mina. A maior pedra lapidada tem 407 quilates.