A NATO vai realizar na próxima semana o maior exercício aéreo na Europa na história da Aliança Atlântica, disseram esta quarta-feira as autoridades alemãs e norte-americanas..O Air Defender 23, liderado pela Alemanha, vai durar cerca de 10 dias e tem início marcado a partir de segunda-feira. Irá incluir mais de 220 aeronaves militares de 25 países da Aliança Atlântica e aliados para responder a um ataque simulado a um membro da NATO..Segundo a AP, só os EUA vão enviar 2.000 membros da Guarda Aérea Nacional e cerca de 100 aeronaves nas manobras de treino entre os dias 12 e 23 de junho. Exercício terá 10 mil participantes..A embaixadora dos EUA na Alemanha, Amy Gutmann, afirmou que, embora o exercício fosse puramente defensivo por natureza, pretendia enviar uma mensagem a países como a Rússia.."Eu ficaria muito surpreendida se algum líder mundial não percebesse o que isto mostra em termos do espírito desta aliança, o que significa a força desta aliança, e isso inclui o senhor Putin", disse Gutmann, referindo-se ao presidente da Rússia. ."Ao sincronizarmos juntos, multiplicamos a nossa força", disse a embaixadora norte-americana, referindo-se ao exercício militar como "impressionante".."Trata-se de um exercício que será absolutamente impressionante para qualquer pessoa que esteja a assistir", destacou..O exercício incluirá treinos de nível operacional e tático, principalmente na Alemanha, mas também na República Checa, Estónia e Letónia..O general Ingo Gerhartz, da Luftwaffe, a Força Aérea alemã, disse que o Air Defender foi concebido em 2018 em parte como uma resposta à anexação russa da Crimeia da Ucrânia, embora tenha enfatizado que "não foi direcionado a ninguém".."Somos uma aliança defensiva e é assim que este exercício é planeado", disse o responsável alemão..O general Michael Loh, diretor da Guarda Aérea Nacional dos EUA, disse que os deveres da NATO estão num "ponto de inflexão". "Muita coisa mudou no cenário estratégico em todo o mundo, especialmente aqui na Europa", disse.."Este exercício concentra-se em complementar a presença permanente dos Estados Unidos na Europa", bem como em fornecer treino "numa escala maior do que normalmente é realizado no continente", acrescentou Loh..Gutmann disse que, embora não haja planos para tornar o Air Defender num exercício recorrente, declarou: "Não desejamos que este seja o último.".O exercício simula a invasão da Alemanha por forças de uma aliança militar de leste, o que leva ao acionamento do princípio da defesa coletiva do território da NATO, previsto no artigo quinto do tratado da Aliança Atlântica..O tratado foi assinado em 4 de abril de 1949, em Washington, pelos 12 países fundadores da NATO, incluindo Portugal, que não participa no exercício AD23.."Estamos a mostrar que o território da NATO é a nossa linha vermelha, que estamos preparados para defender cada centímetro deste território", disse o comandante da Luftwaffe. .O diretor da Guarda Nacional Aérea dos Estados Unidos disse que o exercício vai para além da dissuasão.."Trata-se da prontidão da nossa força. Trata-se de coordenação, não apenas no seio da NATO, mas com os nossos outros aliados e parceiros fora da NATO", afirmou..As autoridades alemãs admitiram que o exercício poderá causar algumas perturbações na aviação civil na Europa e muito ruído, devido aos cerca de dois mil voos previstos.."Não há segurança a custo zero", justificou o comandante da Luftwaffe, citado pela agência espanhola EFE.