O primeiro retiro informal dos líderes dos 27 países da União Europeia, um modelo criado por António Costa, tinha esta segunda-feira como tema a defesa do bloco, mas o seu início acabou por ser ensombrado pelas ameaças feitas no fim de semana por Donald Trump de aplicar em breve tarifas às importações vindas da UE. Mesmo assim, cedo se percebeu qual seria um dos pontos fortes do encontro, que por ser informal não obriga a que haja conclusões finais acordadas entre os 27, com o presidente francês, Emmanuel Macron, a defender uma Europa mais independente. Teoria que não colhe o acordo de todos. “O que está a acontecer neste momento na Ucrânia, o que está a acontecer também com as escolhas, as declarações da nova administração americana do presidente Trump pressionam os europeus a estarem mais unidos, mais ativos para responder em questões da sua segurança coletiva”, afirmou Macron em Bruxelas. “Isto significa impulsionar a indústria de defesa da Europa e comprar mais armas europeias”, acrescentou o francês, refletindo a sua visão da “autonomia estratégica” do bloco.No entanto, há líderes europeus que pretendem continuar a apostar na relação com os Estados Unidos, a quem os europeus compram armamento, e outros países da NATO, como deixou claro o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk. “Lutarei contra a imposição de restrições à compra de armas. A segurança é a nossa principal prioridade. As relações com os EUA, o Canadá e a Noruega em termos de defesa devem manter-se na linha da frente”, disse Tusk.O retiro informal desta segunda-feira contou com a presença, ao jantar, de Keir Starmer, a primeira vez que um líder britânico se encontra com os 27 desde o Brexit. Horas antes deste reencontro, o primeiro-ministro britânico esteve reunido na sede da NATO, em Bruxelas, com o seu secretário-geral, Mark Rutte. E, como já havia sido avançado por Downing Street, o recado que Starmer trouxe de Londres é que a União Europeia precisa de “intensificar” o apoio à Ucrânia. “A paz chegará pela força e devemos fazer tudo o que pudermos para apoiar a defesa da Ucrânia”, declarou Starmer, acrescentando que “isso significa estabilizar a linha da frente, fornecendo o equipamento e a formação que eles precisam”.O líder britânico manifestou-se também favorável a uma relação mais próxima na área da defesa entre Londres e Bruxelas, cooperação essa que, na visão de Starmer, deve cobrir “tecnologia militar e I&D [investigação e desenvolvimento], melhorando a mobilidade das forças em toda a Europa, protegendo as nossas infraestruturas críticas e aprofundando a nossa colaboração industrial para aumentar a produção de defesa”.O secretário-geral da NATO também participou, ao almoço, no retiro informal, durante o qual “salientou a importância da parceria NATO-UE, destacando o vínculo transatlântico como a base da segurança europeia”, segundo avançou a Aliança, “saudou os esforços da UE para impulsionar a defesa europeia” e “observou como a UE pode ajudar a dissuasão e a defesa da NATO a permanecerem credíveis, aumentando os investimentos, flexibilizando a regulamentação, combatendo a fragmentação industrial e facilitando a mobilidade militar”.