Macron alerta para os "amanhãs difíceis" se Le Pen vencer

Presidente está à frente nas sondagens, mas adversária lembrou que não são elas que decidem a eleição.

Emmanuel Macron, que quer ficar mais cinco anos no Eliseu, alertou ontem para os "amanhãs difíceis" se a sua adversária, Marine Le Pen, sair vencedora da segunda volta das presidenciais francesas. No último comício antes do dia de reflexão, que se assinala este sábado, o candidato do La République en Marche apelou à mobilização dos eleitores para derrotar a extrema-direita. Já Le Pen, em Pas-de-Calais, disse que no domingo a escolha é "entre Macron ou a França".

O último barómetro OpinionWay-Kéa, para o jornal Les Echos, coloca Macron com 57% das intenções de voto, frente a 43% de Le Pen, com uma abstenção de 28% - potencialmente uma das mais altas numa segunda volta desde 1969. Outras sondagens têm sido menos generosas para o presidente, apesar de a distância entre ambos ter vindo a aumentar. Uma sondagem Atlas Intel dá 53,3% para Macron contra 46,7% para a candidata do Reunião Nacional (ex-Frente Nacional). E a incógnita em relação aos eleitores que ainda não sabem se vão votar ou que dizem ainda não ter tomado uma decisão torna as coisas ainda mais imprevisíveis.

"A 24 de abril será um referendo para saber se queremos ser fiéis à nossa história, um referendo a favor ou contra a Europa, um referendo a favor ou contra uma república laica e indivisível, um referendo a favor ou contra a fidelidade aos nossos valores", disse ontem Macron em Figeac, no departamento de Lot. "O que espero de vocês é que se mobilizem, convençam, avancem, expliquem o que fizemos, o que vamos fazer", acrescentou, lançando farpas à adversária. "Não vamos unir o país prometendo tudo e não financiando nada", indicou, alertando para os "amanhãs difíceis".

Antes do comício, em declarações à agência Lusa, Macron agradeceu o apoio do primeiro-ministro português, António Costa, expresso na véspera num artigo conjunto com o chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, e com o chanceler alemão, Olaf Scholz. "Quero agradecer ao meu amigo Costa, que foi formidável. O António foi adorável e fiquei muito emocionado", disse. Um apoio que considerou "muito importante" não apenas "a título individual", mas de relação entre os dois países.

Le Pen ao ataque

O último dia da campanha da candidata do Reunião Nacional começou num mercado no Norte de França, com Le Pen a focar-se naquela que é a principal preocupação dos eleitores: a perda de poder de compra. E nos ataques ao presidente. "Os franceses, com Macron, estarão condenados à prisão perpétua", afirmou, referindo-se à proposta do adversário de atrasar a idade da reforma dos 62 para os 65 anos.

Na esperança de mobilizar os eleitores, Le Pen insistiu ainda em que as sondagens estão erradas. "Não são as sondagens que decidem uma eleição", disse a candidata da extrema-direita, indicando que, independentemente do resultado, terá feito a campanha que queria fazer. Entre as suas propostas está, por exemplo, inscrever na Constituição a "prioridade nacional", para excluir os estrangeiros dos auxílios sociais. Le Pen quer ainda que França volte a sair do comando integrado da NATO e reformar a União Europeia a partir de dentro.

susana.f.salvador@dn.pt

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG