O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse esta terça-feira (29 de julho) que a Rússia “tomou nota” da declaração do presidente dos EUA a encurtar o prazo do ultimato que tinha feito a Moscovo. Donald Trump deu dez dias à Rússia para um cessar-fogo com a Ucrânia, sob pena de sanções - incluindo contra os sócios comerciais de Moscovo. O prazo anterior, estabelecido a 14 de julho, era de 50 dias e só acabava no início de setembro. “Não há razão para esperar. Não vemos que esteja a ser feito qualquer progresso”, disse Trump na segunda-feira, na Escócia, dizendo que não está interessado em “mais conversa” com os russos. Na altura falou em dez ou 12 dias, mas a bordo do Air Force One, no regresso aos EUA, confirmou esta terça-feira (29 de julho) que são só dez dias. Afirmou ainda que era uma “pena” não ter recebido qualquer notícia do homólogo russo, Vladimir Putin. Horas antes, na sua conferência diária, Peskov disse que não iria fazer “julgamento” da declaração de Trump e que, apesar de a “operação militar” prosseguir, a Rússia continua “comprometida com o processo de paz para resolver o conflito em torno da Ucrânia e garantir os nossos interesses no decurso desta solução”. As suas declarações surgiram depois de, durante a noite, os ataques russos terem feito pelo menos 19 mortos na Ucrânia. Três pessoas, incluindo uma grávida de 23 anos, morreram num ataque a um hospital na região de Dnipropetrovsk. O outro local atingido foi uma prisão na zona de Zaporíjia, onde morreram 16 pessoas e dezenas ficaram feridas. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que este ataque foi “deliberado” numa mensagem no X. “Os russos não podiam ignorar que estavam a visar civis naquela instalação”, escreveu. “E isso foi feito após uma posição completamente clara dos EUA de que a Rússia deve acabar esta guerra e avançar com a diplomacia”, referiu.Zelensky indicou ainda, na sua mensagem diária ao final desta terça-feira (29 de julho), que a Rússia com cada um dos seus ataques só mostra que não tem qualquer intenção de parar a guerra. “Pressão é necessária”, indicou o presidente ucraniano, pedindo “mais sanções contra a Rússia, um apoio constante à Ucrânia e à nossa defesa da vida, diplomacia coordenada pela paz”.