O Kremlin afirmou esta segunda-feira, 15 de setembro, que “a NATO está em guerra com a Rússia” ao fornecerem assistência militar à Ucrânia, uma declaração que surge dias depois de a Polónia ter abatido drones russos no seu espaço aéreo e de a Roménia ter afirmado que um drone russo invadiu o seu espaço aéreo, ambos países pertencentes à Aliança Atlântica.“A NATO está em guerra com a Rússia; isso é óbvio e não necessita de provas. A NATO presta apoio direto e indireto ao regime de Kiev”, afirmou o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov.O líder da diplomacia de Varsóvia adiantou esta segunda-feira ao The Guardian que os drones russos que entraram em território polaco na passada quarta-feira, embora tivessem capacidade de transportar munições, não estavam carregados com explosivos. “O que me sugere que a Rússia tentou testar-nos sem iniciar uma guerra”, afirmou ainda Radoslaw Sikorski.Este responsável disse também que a resposta da Polónia teria sido “muito mais dura” se o ataque da semana passada tivesse causado vítimas, mas recusou-se a dar detalhes sobre uma possível resposta, referindo, no entanto, que “com um agressor e mentiroso como Putin, só as contrapressões mais duras funcionam”.Na madrugada de domingo, a Roménia enviou dois caças F-16 para abater um drone russo no seu espaço aéreo, o que levou Bucareste a convocar o embaixador russo para dar explicações “pela violação da soberania romena”. De acordo com nova lei romena aprovada este verão, os pilotos dos F-16 tinham autorização para abater o drone russo, mas decidiram não o fazer, após uma “avaliação dos riscos colaterais”, conforme explicou o Ministério da Defesa romeno.No mesmo sentido, o governo britânico convocou esta segunda-feira o embaixador russo em Londres para dar explicações sobre a violação “sem precedentes” do espaço aéreo da NATO na Polónia e na Roménia dos últimos dias. “A Rússia deve compreender que a sua contínua agressão apenas fortalece a unidade entre os aliados da NATO e a nossa determinação em apoiar a Ucrânia, e quaisquer novas incursões serão novamente reprimidas com força”, referiu um porta-voz da diplomacia britânica.A Suécia, através do seu primeiro-ministro, comentou esta segunda-feira o incidente na Polónia, afirmando que “sabemos que foram drones russos, sabemos que foi intencional”. “Esta é uma escalada séria por parte da Rússia. Provavelmente para testar as capacidades da NATO”, declarou Ulf Kristersson, no dia em que Estocolmo anunciou que vai aumentar o seu orçamento de defesa em cerca de 2,4 mil milhões de euros em 2026, colocando-se no patamar de 2,8% do seu Produto Interno Bruto.A retórica desafiadora de Moscovo teve esta segunda-feira outro interlocutor, com o antigo presidente russo Dmitry Medvedev a garantir que Moscovo irá atrás de qualquer país europeu que tente apoderar-se dos seus ativos para ajudar a Ucrânia. De acordo com a Reuters, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, quer que Bruxelas encontre uma nova forma de financiar a defesa de Kiev usando os saldos associados aos ativos russos congelados na Europa. Já o Politico noticiou que Bruxelas está também a ponderar a ideia de usar depósitos em dinheiro russos para financiar um “empréstimo de reparações” para a Ucrânia.“Se isso acontecer, a Rússia perseguirá os Estados da UE, bem como os degenerados europeus de Bruxelas e os países individuais da UE que tentarem tomar as nossas propriedades, até ao final do século”, escreveu no Telegram o agora vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia. Medvedev referiu ainda que Moscovo vai perseguir os países europeus de “todas as formas possíveis” e em “todos os tribunais internacionais e nacionais possíveis”, bem como “fora dos tribunais”.Este clima de tensão coincide com os exercícios militares que estão a ser levados a cabo, desde sexta-feira, por Rússia e Bielorrússia, com ambos a garantirem que estes são defensivos e não pretendem atacar qualquer membro da NATO. De acordo com o The Guardian, que tem um jornalista no local, Moscovo e Minsk estão a ensaiar cenários de uma “imaginária invasão ocidental” à Bielorrússia.Nestes exercícios, a Rússia já testou o lançamento de um míssil de cruzeiro hipersónico Tsirkon, bem como simulou ataques com caças-bombardeiros supersónicos Sukoi Su-34.."Guerra eletrónica da Ucrânia pode explicar drones russos na Polónia", defende o general Agostinho Costa