Kiev critica que Rússia assuma presidência do Conselho de Segurança

Chefe da diplomacia fala numa "piada de mau gosto". Presidente ​​​​​​​Zelensky visitou Bucha, um ano após a libertação.

A Ucrânia criticou esta sexta-feira o facto de a Rússia assumir a partir de hoje e durante todo o mês de abril a presidência rotativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas. "É um lembrete claro de que algo está errado com o modo como a arquitetura de segurança internacional está a funcionar", escreveu no Twitter o chefe da diplomacia ucraniano, Dmytro Kuleba, que já tinha falado de "uma piada de mau gosto".

"Um estado que arruína sistematicamente a paz e a segurança internacionais presidirá ao órgão encarregado de mantê-las", lembrou Kuleba. Na véspera já tinha alegado que "a Rússia usurpou o seu lugar" neste órgão, "está a travar uma guerra colonial, o seu líder é um criminoso de guerra procurado pelo Tribunal Penal Internacional por raptar crianças" e reiterado que "o mundo não pode ser um local seguro com a Rússia no Conselho de Segurança".

Moscovo já indicou que o chefe da diplomacia, Sergei Lavrov, irá ele próprio liderar alguns dos encontros considerados "chave" durante este mês - um debate sobre o "multilateralismo eficaz através da defesa dos princípios da Carta das Nações Unidas" e outro sobre o Médio Oriente, a 25 de abril. Também os EUA criticam que a Rússia assuma a liderança, mas indicam que enquanto membro permanente não havia forma de o proibir.

Zelensky em Bucha

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse esta sexta-feira que nunca perdoará as tropas russas responsáveis pelas atrocidades cometidas em Bucha nem esquecerá aquilo que aconteceu, um ano após a libertação desta cidade. "Nunca esqueceremos as vítimas desta guerra e certamente levaremos todos os assassinos russos à justiça. Nunca vamos perdoar", afirmou na visita a Bucha com a presidente da Moldávia e os primeiros-ministros da Croácia, Eslováquia e Eslovénia.

"A batalha pela fundação do mundo livre está a acontecer em território ucraniano. Venceremos. O mal russo cairá aqui mesmo na Ucrânia", afirmou Zelensky, considerando Bucha o "símbolo das atrocidades" das forças de ocupação. "Nas ruas de Bucha, o mundo viu o mal russo - o mal sem máscaras", indicou o presidente. Kiev estima que tenham morrido "mais de 1400" civis na região enquanto os russos lá estiveram (de 12 a 31 de março de 2022), incluindo 637 dentro da cidade.

Entretanto, o presidente norte-americano, Joe Biden, pediu à Rússia para libertar o jornalista do Wall Street Journal, Evan Gershkovich, detido sob acusações de espionagem. "Libertem-no", limitou-se a dizer Biden, quando questionado sobre o tema. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alega que ele foi apanhado "em flagrante", que a situação é "clara e simples" e que fazia espionagem sob a desculpa de jornalismo.

Sánchez e Macron com Xi

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, de visita à China, disse ter encorajado o presidente chinês, Xi Jinping, a falar com o homólogo ucraniano. "Encorajei o presidente Xi a ter uma conversa com o presidente Zelensky para aprender em primeira mão sobre o plano de paz do governo ucraniano", afirmou aos jornalistas, reconhecendo o "esforço" que os chineses fizeram para se "posicionar" sobre o tema.

O próximo líder europeu a visitar Pequim, já na quarta-feira, é o francês Emmanuel Macron. Um conselheiro do presidente disse aos jornalistas que Macron irá dizer a Xi que se a China apoiar militarmente a Rússia, essa será uma "decisão desastrosa". O Eliseu diz querer "evitar o pior", chamando a atenção de Pequim.

susana.f.salvador@dn.pt

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