João Lourenço promete ser "presidente de todos os angolanos"
Na cerimónia de posse em Luanda, o chefe do Estado elogiou o voto no MPLA e, neste segundo mandato, prometeu procurar "as melhores soluções" para os problemas do país. Deputados tomam hoje posse, inclusive os da UNITA que contesta os resultados das eleições de 14 de agosto.
O chefe de Estado de Angola, João Lourenço, prometeu ontem "ser o Presidente de todos os angolanos" e promover o desenvolvimento económico e o bem-estar da população, ao discursar na cerimónia da sua posse, boicotada pela UNITA, o maior partido da oposição que contesta os resultados das eleições de 24 de agosto, mas decidiu contudo que os seus deputados irão hoje assumir os seus lugares para "poderem defender os nossos princípios."
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"Ao assumir, por mandato do povo soberano, as funções de presidente da república de Angola, declaro por minha honra respeitar a Constituição e a Lei, ser o presidente de todos os angolanos e governar em prol do desenvolvimento económico e social do país e do bem-estar de todos os angolanos", disse o chefe de Estado perante uma multidão em Luanda.
Reeleito com 51,17% dos votos, numa eleição contestada judicialmente pela oposição, mas entretanto validada pelo Tribunal Constitucional, João Lourenço felicitou o povo angolano, que considerou "o real e verdadeiro grande vencedor" de umas eleições que lembrou já serem consideradas "as mais disputadas eleições gerais da história da jovem democracia angolana".
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Elogiou os angolanos por fazerem "as melhores opções" e escolherem "com muita responsabilidade o futuro do seu país". "Ao elegerem o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola] e o seu candidato, apostaram na continuidade como forma segura de garantir a paz, a estabilidade e o desenvolvimento económico e social do país", afirmou, felicitando também todos os partidos e coligações pela sua participação nas eleições, "o que contribuiu para o fortalecimento da nossa democracia".
Sobre o seu segundo mandato, que agora começa, o presidente prometeu dedicar todas as suas forças e atenção à "busca permanente das melhores soluções para os principais problemas do país, a começar pelo setor social e pelo bem-estar da população. "Continuaremos a investir no ser humano como principal agente do desenvolvimento, na sua educação e formação, nos cuidados de saúde, na habitação condigna, no acesso à água potável e energia elétrica, no saneamento básico", disse.
E prometeu também incentivar e promover o setor privado da economia, "para aumentar a oferta de bens e serviços de produção nacional, aumentar as exportações e criar cada vez mais postos de trabalho para os angolanos, sobretudo para os mais jovens".
A igualdade do género foi outro tema abordado pelo chefe de Estado, que defendeu a igualdade de oportunidades e promoção da mulher nos mais altos cargos do Estado, nos cargos públicos e de liderança em diferentes setores da sociedade angolana. E insistiu na questão da prevenção e combate contra a corrupção e a impunidade, "que ainda prevalece".
João Lourenço disse ainda contar com "a participação e o escrutínio de todos", desde os deputados eleitos, as organizações não-governamentais, classes profissionais, sindicatos, do setor empresarial, académicos, igrejas e "media".
Prometeu também que Angola continuará a trabalhar para proteger o planeta das alterações climáticas, nomeadamente com programas de educação ambiental com vista a desencorajar a desflorestação e as queimadas, com ações concretas de redução do consumo dos derivados do petróleo e da utilização da lenha para consumo doméstico ou industrial e com investimento em fontes limpas de produção de energia como barragens, parques fotovoltaicos e projetos de hidrogénio verde.
"Inimigo de Angola"
Na quarta-feira, e considerando que "o partido único no poder é um inimigo de Angola e do seu desenvolvimento, e todas as vias democráticas e constitucionalmente previstas devem ser usadas para acabar com o partido único no poder e acabar com os golpes de Estado às eleições e ilegitimidade eleitoral, que foi o que acabou de acontecer neste país", Adalberto da Costa Júnior anunciou que o presidente eleito não contaria com a presença da UNITA na sua posse.
Apesar destas denúncias, o partido decidiu que os seus deputados tomarão mesmo posse hoje. E, acrescentou Adalberto da Costa Júnior, a UNITA "vai privilegiar as reformas que possam trazer um pais capaz de abraçar o desenvolvimento do estado de direito democrático, liberdades plenas e a possibilidade de ter uma economia que se possa desenvolver".