O professor Nuno Loureiro estava no MIT desde 2016.
O professor Nuno Loureiro estava no MIT desde 2016.MIT/Jake Belcher

Israel investiga ligação iraniana na morte de professor português do MIT

Nuno Loureiro, assassinado a tiro em Boston, era especialista em fusão nuclear. Imprensa israelita avança com suspeita, mas insiste que até agora não há provas. Polícia ainda não deteve ninguém.
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Israel estará a investigar se o Irão esteve por detrás do assassinato do professor português Nuno Loureiro, que estava à frente do Centro de Ciência do Plasma e Fusão do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) e foi morto a tiro na segunda-feira (15 de dezembro) à entrada do seu prédio, em Boston. A hipótese foi avançada pela imprensa israelita, numa altura em que as autoridades norte-americanas continuam sem pistas sobre o crime.

“A investigação israelita está a ser conduzida num contexto marcado pela natureza sensível da área de investigação de Loureiro”, escreveu o Jerusalem Post, acrescentando que o português de 47 anos “era considerado um dos principais investigadores mundiais em energia e física nuclear, tendo desempenhado funções importantes em centros de investigação relacionados com o desenvolvimento de tecnologias futuras”.

Contudo, o jornal não dava mais dados sobre esta teoria, alegando apenas que Nuno Loureiro tinha defendido Israel no passado, mas deixando claro que nenhuma especulação sobre a ligação da sua morte ao Irão tinha sido corroborada ainda pela investigação norte-americana. Nos EUA, a polícia mantém a “ambiguidade”, referia o Jerusalem Post.

O gabinete do procurador distrital de Norfolk indicou, na quarta-feira (17 de dezembro) à tarde, que a investigação de homicídio continuava “ativa e em curso” e ainda não tinham sido feitas detenções. O porta-voz, David Linton, nem sequer quis dizer se o professor era o alvo do agressor ou uma vítima de circunstância, porque “os investigadores ainda estão a falar com as pessoas”.

Na véspera, a chefe do Departamento de Polícia de Brookline, Jennifer Paster, avisava que “para proteger a integridade da investigação, estamos limitados nas informações que podemos partilhar neste momento e pedimos a compreensão e a paciência da comunidade”. Vizinhos, estudantes e amigos de Nuno Loureiro fizeram uma vigília junto à sua casa na quarta-feira à noite (17 de dezembro), ainda incrédulos com o que aconteceu.

Nuno Loureiro cresceu em Viseu e estudou no Instituto Superior Técnico de Lisboa, antes de tirar o doutoramento no Imperial College de Londres. “Físico teórico e cientista de fusão aclamado, Loureiro juntou-se ao corpo docente do MIT em 2016. A sua investigação abordou problemas complexos que se escondem no centro das câmaras de vácuo de fusão e nos confins do universo”, indicou a universidade no comunicado em que lamentava a sua morte.

Loureiro tinha dito que esperava que o seu trabalho moldasse o futuro. “Não é exagero dizer que o MIT é o lugar onde se vai para encontrar soluções para os maiores problemas da humanidade,“ afirmou quando foi nomeado para liderar o laboratório de ciência do plasma no ano passado. “A energia de fusão irá mudar o rumo da história da humanidade”, acrescentou. Nos EUA foi distinguido, em 2017, com o Prémio Carreira da Fundação Nacional de Ciência e, mais recentemente, em 2025, o Prémio Presidencial de Início de Carreira para Cientistas e Engenheiros, concedido pelo então presidente Joe Biden.

Poderá o seu assassinato, à entrada do prédio e sem sinais de arrombamento, estar relacionada com o trabalho que fazia? Nas redes sociais multiplicam-se as sugestões de que pode ser esse o caso, com a especulação a aumentar por causa de não haver avanços na investigação policial, nem sequer a indicação de se foi uma tentativa de assalto ou não. O FBI, que ofereceu a sua ajuda para investigação, afastou apenas a hipótese de o crime estar relacionado com o tiroteio (dias antes) na universidade de Brown.

Outra especulação é ser um crime antissemita. Algumas fontes chegaram a dizer inicialmente que o professor era judeu (talvez porque havia decorações relativas ao Hanukah no edifício onde vivia), mas essa informação não se confirma. Pelo menos uma das vizinhas da família (Loureiro era casado e tinha três filhos) era judia, tendo contado ao jornal Boston Globe que estava a acender uma das velas do menorá quando ouviu os tiros. Ao abrir a porta, deparou-se com o professor ferido. Loureiro acabaria por morrer já na terça-feira, no hospital.

O professor Nuno Loureiro estava no MIT desde 2016.
Físico português que dirigia laboratório no MIT morto a tiro em Boston

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