O Hamas aceitou esta segunda-feira (18 de agosto) o acordo de cessar-fogo proposto pelos mediadores do Qatar e Egito, com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a alegar que isso é fruto da “imensa pressão” de Israel e do plano de avançar nas operações militares para assumir o controlo total da cidade de Gaza. Mas Netanyahu não disse se aceitava ou não a proposta, que será semelhante àquela que o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, tinha apresentado e que Israel tinha aceitado. “O movimento entregou a sua aprovação à nova proposta apresentada pelos mediadores”, escreveu um dos dirigentes do Hamas, Basem Naim, no Facebook. Segundo fontes egípcias, citadas por vários media israelitas e estrangeiros, o acordo em cima da mesa inclui a libertação de dez reféns ainda vivos (e dos cadáveres de alguns mortos) em troca da suspensão das operações militares israelitas durante 60 dias e da libertação de 150 prisioneiros palestinianos (antes queria 200). A proposta prevê ainda o início da retirada israelita da Faixa de Gaza - mas, mais uma vez, o Hamas cede nas suas exigências em relação a uma zona-tampão de apenas 800 metros (face ao 1,2 quilómetros que Israel quer), estando disposto a ir até um quilómetros. O acordo prevê ainda o aumento da ajuda humanitária para o enclave palestiniano e um caminho para uma “resolução abrangente” da guerra que dura há quase dois anos. Israel lançou a guerra em resposta ao ataque de 7 de outubro de 2023, no qual o Hamas matou cerca de 1200 pessoas e fez 240 reféns. A ofensiva israelita já resultou na morte de 62 mil pessoas, segundo as autoridades de saúde de Gaza, controladas pelo grupo terrorista. O gabinete do primeiro-ministro confirmou ter recebido a resposta do Hamas, mas Netanyahu rejeitou ainda no sábado qualquer acordo apenas parcial no que diz respeito à libertação dos reféns. Há ainda 50 na Faixa de Gaza, acreditando-se que apenas 20 deles estejam vivos. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, de extrema-direita, avisou o primeiro-ministro contra uma “rendição” ao grupo terrorista palestiniano. “Se Netanyahu se render ao Hamas e acabar a guerra, será uma tragédia para várias gerações e uma enorme oportunidade perdida”, defendeu o ministro. “Temos agora uma oportunidade de derrotar o Hamas e digo ao primeiro-ministro: você não tem um mandato para aceitar um acordo parcial sem derrotar o Hamas”, acrescentou. Já o líder da oposição, Benny Gantz, pediu a Netanyahu que aceite esta oportunidade. “O governo tem uma maioria clara e uma ampla rede de segurança para devolver os reféns. Netanyahu, este não é o momento para hesitar - é tempo de tomar as decisões certas para o povo de Israel e para a segurança de Israel”, escreveu no X.Horas antes, o presidente dos EUA, Donald Trump, tinha escrito na Truth Social. “Só veremos o regresso dos restantes reféns quando o Hamas for confrontado e destruído!!! Quanto mais cedo isso acontecer, maiores serão as probabilidades de sucesso”, disse na sua rede social. “Joguem para ganhar ou não joguem”, afirmou, lembrando que já “acabou seis guerras em seis meses” e que foi ele que “obliterou” as instalações nucleares iranianas. O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), tenente-general Eyal Zamir, disse num evento com Netanyahu que as suas forças estão “num ponto de viragem da guerra”, à beira da próxima fase da operação militar centrada em atingir os alvos do Hamas na cidade de Gaza. “Estamos a preparar e a aprovar planos. Continuamos a agir e a criar as condições para a libertação dos nossos reféns”, acrescentou o chefe das IDF, que era contra o plano de assumir o controlo total do enclave palestiniano.O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, no seguimento das declarações de Netanyahu sobre a “imensa pressão” que o Hamas está a sentir, defendeu também que o grupo terrorista só regressou às negociações por causa do alargar da operação militar. “O foco na cidade de Gaza advém de ser um centro de gravidade militar, governamental e simbólico. A liderança está lá, e lá permanecem as infraestruturas centrais da ala militar. O Hamas também sabe que este é agora o cerne do seu governo”, disse Katz, explicando que está “de volta à mesa” das negociações por “medo”. Temendo a nova ofensiva israelita, muitos palestinianos já deixaram entretanto as suas casas no leste da cidade de Gaza, que tem sido alvo dos mais recentes bombardeamentos israelitas..“Dia de pausa” em Israel: 500 mil exigem acordo para libertar reféns.Israel anuncia nova fase da ofensiva centrada na cidade de Gaza