Israel confiante que tribunal vai rejeitar acusação de genocídio
"Esperamos que o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) rejeite estas acusações espúrias e engano”, disse ontem o porta-voz do governo israelita, Eylon Levy. A mais alta instância judicial das Nações Unidas vai pronunciar-se hoje sobre as medidas urgentes exigidas pela África do Sul, que acusa Israel do genocídio dos palestinianos na Faixa de Gaza, podendo no pior cenário para Telavive ordenar a suspensão da operação militar no enclave. O Hamas já disse que respeitará a ordem de cessar-fogo, se Israel também o fizer e que libertará todos os reféns em Gaza, se Israel libertar todos os prisioneiros palestinianos.
A decisão é juridicamente vinculativa e não é passível de recurso, contudo o TIJ não tem meios para impor o seu cumprimento. Basta lembrar que o tribunal sediado em Haia, nos Países Baixos, ordenou à Rússia que cessasse a sua invasão da Ucrânia, sem qualquer efeito. Hoje não está em causa a decisão sobre se Israel está a levar a cabo um genocídio na Faixa de Gaza - essa decisão pode demorar anos - mas apenas diz respeito às medidas urgentes pedidas pela África do Sul.
Mostrando a preocupação que existe em relação à decisão do tribunal - e apesar de há muito Israel alegar que as Nações Unidas são preconceituosas em relação ao país - o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, esteve ontem reunido com o procurador-geral e o ministro da Justiça, entre outros, para preparar os eventuais cenários.
O governo israelita decidiu ainda desclassificar uma série de documentos, referente a decisões tomadas ao mais alto nível, para provar que tem feito esforços para diminuir o número de mortes civis em Gaza e rejeitar a ideia de genocídio. A ideia é mostrar que, apesar do que possam dizer em público os políticos, a nível de decisão, as tomadas de posições foram outras.
“Os genocídios nunca são antecipadamente proclamados, mas este tribunal beneficia das últimas 13 semanas de provas, que mostram de forma incontestável um padrão de comportamento e de intenção que justifica uma acusação plausível de atos genocidas”, sustentou a advogada sul-africana Adila Hassim, na audiência em que apresentou os seus argumentos.
Israel respondeu que não pretende destruir o povo palestiniano e rejeitou as acusações sul-africanas, classificando-as como uma “imagem factual e jurídica totalmente distorcida” dos acontecimentos em Gaza. “Israel está envolvido numa guerra de defesa contra o Hamas, não contra o povo palestiniano”, declarou o advogado Tal Becker.
Reféns
As famílias dos reféns israelitas protestaram ontem junto a um posto de fronteira, em Kerem Shalom, bloqueando a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e obrigando cerca de cem camiões a desviarem-se para a fronteira com Egito. As famílias exigem ao governo de Netanyahu medidas mais fortes para garantir a libertação dos mais de cem reféns.
Com Agências