Israel ameaçou este domingo, dia 7, tomar “medidas unilaterais” casos os países ocidentais reconheçam o Estado palestiniano, o que já vários fizeram nos últimos meses e outros tantos prometeram fazer no final do mês, durante a 80.ª Assembleia Geral da ONU.A ameaça foi feita pelo ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, durante uma visita a Jerusalém do seu homólogo dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen.“Não podemos separar a questão da soberania da paz, porque isso tornaria a paz ainda mais difícil de alcançar”, afirmou o ministro.“Isso levará Israel a tomar medidas unilaterais também”, avisou.Embora não tenha especificado quais as medidas unilaterais em causa, Israel aprovou, em agosto, um grande projeto para construir 3.400 habitações numa zona da Cisjordânia que a comunidade internacional acredita ameaçar a viabilidade de um futuro Estado palestiniano.Na altura, o ministro israelita de extrema-direita Bezalel Smotrich também alertou os líderes europeus de que reconhecer um Estado palestiniano em setembro levaria à “aplicação da soberania israelita sobre todas as partes da Judeia e Samaria”, o nome que Israel usa para a Cisjordânia.Segundo disse este domingo Gideon Saar, os países que reconheceram ou anunciaram a sua intenção de reconhecer a Palestina como um Estado estão a “prejudicar as hipóteses de paz”.“A Europa enfrenta desafios estratégicos e de segurança. Precisa de Israel tanto como Israel precisa da Europa”, defendeu o ministro, acrescentando que “a Autoridade Palestiniana não merece um Estado com base nas suas ações”, porque, apesar do compromisso de combater o terrorismo consagrado nos Acordos de Oslo, “não fez nada”.Por isso, criticou ainda, os Estados que pretendem avançar nesse objetivo estão a “recompensar e encorajar o terrorismo com uma doutrina de pagamento por assassinato, pagando salários a terroristas e a famílias de terroristas”.Gaar instou ainda o seu homólogo dinamarquês a não “ignorar esta realidade”, mas Rasmussen lembrou que a posição oficial dinamarquesa é a de que só reconhecerá um Estado palestiniano após um acordo negociado entre as partes.“Ainda não estamos prontos para o reconhecimento, mas a nossa posição é de que não podemos permitir que alguém tenha um veto de facto sobre a posição dinamarquesa”, disse.Os crescentes apelos à criação de um Estado palestiniano têm-se intensificado nos últimos meses e refletem o aumento das preocupações com as condições humanitárias cada vez mais insustentáveis que os palestinianos enfrentam em plena guerra de Israel contra o grupo islamita Hamas.A devastadora campanha militar israelita, que já dura há quase dois anos e que teve início após o ataque do Hamas em 07 de outubro de 2023, destruiu grandes áreas da Faixa de Gaza e limitou severamente a ajuda ao enclave, empurrando os palestinianos para a fome. A revolta internacional contra Israel foi crescendo, levando vários países a intensificar os esforços em prol da solução de Dois Estados e do reconhecimento do Estado da Palestina.A liderar esses esforços têm estado a França e a Arábia Saudita, que promoveram em julho uma Conferência Internacional para a Solução de Dois Estados, a qual terminou com uma declaração assinada por vários países que apoiaram inabalavelmente aquela solução.Na altura, o Presidente francês, Emmanuel Macron, comprometeu-se a reconhecer o Estado da Palestina na próxima Assembleia Geral da ONU, marcada para o final de setembro, intenção que foi seguida por outros líderes internacionais.Já na primavera de 2024, várias nações europeias e caribenhas reconheceram o Estado palestiniano, incluindo Espanha, Irlanda, Noruega, Barbados e Jamaica.Países como o Reino Unido, Austrália, Bélgica e Canadá também indicaram que planeiam avançar para o reconhecimento este mês.Em Portugal, o primeiro-ministro, anunciou em julho que ia consultar os partidos políticos e o Presidente da República para avaliar a hipótese de reconhecer a Palestina na ONU..Mais de 7000 crianças com menos de cinco anos em Gaza recuperam de subnutrição em duas semanas.Hamas acusa Israel de querer "destruir completamente" cidade de Gaza