O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, o presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, dão as mãos após assinatura de acordo de paz entre os dois países do Cáucaso na Casa Branca
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, o presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, dão as mãos após assinatura de acordo de paz entre os dois países do Cáucaso na Casa BrancaNATHAN HOWARD / EPA / POOL

Irão rejeita "corredor Trump" negociado na Casa Branca entre Azerbaijão e Arménia

Conselheiro iraniano afirmou que o projeto “é impossível e não irá concretizar-se”, alertando que “a segurança do Cáucaso Sul ficará em risco” e será “um cemitério para os mercenários de Trump”.
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Um alto representante iraniano avisou este sábado, 9 de agosto, que o seu país não aceitará a criação de um corredor de transporte junto à sua fronteira com o Azerbaijão, previsto num acordo de paz assinado na Casa Branca, sob o patrocíncio de Donald Trump, entre os líderes dos históricos inimigos Azerbaijão e Arménia. O alerta foi deixado por Ali Akbar Velayati, conselheiro para os assuntos internacionais do líder supremo do Irão, ayatollah Ali Khamenei.

O chamado “Trump Route for International Peace and Prosperity” (Rota Trump para a Paz e Prosperidade) — também conhecido como corredor de Zangezur — faz parte de um entendimento alcançado na sexta-feira entre o Azerbaijão e a Arménia, e promovido pelos Estados Unidos, que terão direitos de desenvolvimento comercial sobre a via. O traçado previsto liga o território azeri ao seu enclave de Naquichevão, passando perto da fronteira iraniana.

Velayati afirmou à agência Tasnim que o projeto “é impossível e não irá concretizar-se”, alertando que “a segurança do Cáucaso Sul ficará em risco” e descrevendo a área como “um cemitério para os mercenários de Trump”, cita a agência AFP.

Teerão teme que o corredor possa cortar o acesso terrestre do Irão à Arménia e ao resto do Cáucaso, além de trazer uma presença estrangeira junto às suas fronteiras. Segundo o conselheiro, o país tem realizado vários exercícios militares na região para demonstrar “preparação” e defender os seus interesses “de forma totalmente poderosa”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano saudou a conclusão do texto do acordo de paz, mas manifestou “preocupação com as consequências negativas de qualquer forma de intervenção estrangeira, especialmente nas imediações das fronteiras comuns”, advertindo que tal medida “perturbará a segurança e a estabilidade duradoura da região”.

O Azerbaijão e a Arménia, países vizinhos mas rivais históricos, já travaram duas guerras pelo enclave de Nagorno-Karabakh, que Baku recuperou em 2023 numa ofensiva relâmpago, provocando o êxodo de mais de 100 mil arménios étnicos.

Um responsável da Casa Branca, sob anonimato, afirmou que a Arménia ganha com o acordo “o parceiro comercial estratégico mais importante da história: os Estados Unidos da América” e que “os perdedores são a China, a Rússia e o Irão”.

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