Irão está comprometido com o Tratado de Não-Proliferação
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Irão está comprometido com o Tratado de Não-Proliferação

Enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, e o líder da diplomacia do Irão, Abbas Araghchi, podem encontrar-se para a semana em Oslo para retomar negociações.
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Um dia depois de Teerão ter anunciado que vai suspender a cooperação com a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), agência das Nações Unidas que supervisiona o seu programa nuclear, o líder da diplomacia iraniana veio garantir esta quinta-feira, 3 de julho, que o país continua empenhado no Tratado de Não-Proliferação Nuclear e no seu acordo de salvaguardas.

“A nossa cooperação com a AIEA será canalizada através do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irão por razões óbvias de segurança”, escreveu Abbas Araghchi na rede social X, em resposta a um apelo do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, que pediu ao Irão a reverter a sua decisão de suspender a cooperação com a AIEA.

Araghchi acusou ainda Berlim de “apoio explícito ao ataque ilegal de Israel ao Irão, incluindo instalações nucleares protegidas”.

Teerão tinha também anteriormente acusado a AIEA de se ter aliado aos países ocidentais e de ter dado uma justificação para os ataques de Israel ao declarar o país em violação das obrigações ao abrigo do Tratado de Não-Proliferação Nuclear - os ataques de Israel começaram um dia depois da votação do conselho de governadores da Agência Internacional da Energia Atómica.

A porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Tammy Bruce, disse numa conferência de imprensa na quarta-feira, 2 de julho, que o Irão precisa de cooperar plenamente com a AIEA sem mais demoras. Numa primeira reação à decisão de Teerão, a agência da ONU disse que estava ciente da mesma e que aguardava mais informações das autoridades iranianas.

No mesmo dia, o Pentágono afirmou que o programa nuclear do Irão foi adiado cerca de dois anos após os ataques norte-americanos ordenados pelo presidente Donald Trump.

“Atrasámos o seu programa em pelo menos um a dois anos, é o que a comunidade de inteligência do Departamento de Defesa está a avaliar”, frisou o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, sublinhando que o atraso causado ao programa nuclear iraniano “provavelmente está mais perto dos dois anos”.

Uma informação que contraria declarações feitas no domingo pelo diretor da Agência Internacional de Energia Atómica, que numa entrevista à CBS, afirmou que o Irão pode voltar a enriquecer urânio numa “questão de meses”. Rafael Grossi explicou ainda que os danos causados pelos ataques dos EUA e de Israel às instalações nucleares iranianas foram “graves”, mas não “totais” e que Teerão tem capacidade para reconstruir estas infraestruturas.

O site de notícias norte-americano Axios avançava esta quinta-feira que o enviado da Casa Branca para o Médio Oriente, Steve Witkoff, planeia reunir-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, em Oslo na próxima semana, de forma a reiniciar as negociações nucleares entre as duas partes. As conversas entre Teerão e Washington tinham arrancado depois do regresso de Donald Trump à Casa Branca e interrompidas na sequência dos ataques de Israel (e também dos Estados Unidos) no passado mês de junho.

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