Salvador Illa festeja a vitória.
Salvador Illa festeja a vitória.LLUIS GENE / AFP

Illa vence, independentistas perdem maioria mas Puigdemont quer governar

Socialistas crescem, mas vão precisar da ERC e do Comuns Sumar para poder governar. Puigdemont é segundo, fica aquém do que desejava, mas não renuncia a formar governo.
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Os socialistas catalães, de Salvador Illa, venceram as eleições autonómicas e elegeram 42 deputados, lutando voto a voto para saber se uma eventual aliança com outros dois partidos de esquerda lhes daria a maioria no Parlamento catalão (dados quando já estavam contados 98% dos votos, mas ainda faltava o voto do estrangeiro).

Já era contudo certo que essa maioria fugia aos independentistas. O Junts per Catalunya de Carles Puigdemont era segundo, com 35 deputados, mas nem contando com os outros três partidos independentistas chega aos 68 deputados da maioria.

Os socialistas conquistaram mais nove deputados do que em 2021, quanto também já tinham vencido. Mas, nessa altura os independentistas tiveram a maioria - tinham 74 deputados - e formaram governo. O Junts subiu três deputados, passando para segundo lugar. Mas ficou aquém do desejado por Puigdemont, que está exilado desde o processo independentista de 2017, prometeu voltar se vencesse, mas disse que se reformaria se perdesse.

Mas Puigdemont, apesar de felicitar Illa, não renuncia a formar um governo, considerando que está em condições de "contruir um governo sólido, de obediência claramente catalã". No discurso desde o sul de França, lamentou a "desunião" do movimento independentista e apelou a "refazer" pontes com a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), considerando um governo tripartido de esquerda "uma má opção para o país".

No discurso de vitória, Illa lembrou que é a primeira vez que o Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC) vence as eleições em votos e em lugares no Parlamento. E anunciou que se apresentará para ser investido como presidente da Generalitat, considerando que a sua vitória significa "uma nova etapa" para a Catalunha. 

Illa disse ainda que parte do mérito da vitória se deve às políticas do governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez em relação á Catalunha. Este felicitou Illa pelo "resultado histórico", considerando que "a Catalunha está preparada para tornar realidade um novo futuro e abrir um tempo de esperança".

Aragonès, o perdedor que tem na mão o governo de Illa

O grande perdedor das eleições foi o atual presidente da Generalitat, Pere Aragonès, da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que não foi além dos 20 deputados (menos 13 do que em 2021). Contudo, caso os resultados se mantenham após serem contados todos os votos, a ERC tem na mão o possível governo de Illa, que só poderia governar com um tripartido que inclui também o apoio do Comuns Sumar, que conseguiu seis deputados (menos dois do que tinha o En Comú Podem).

Aragonès disse, no seu discurso, que o partido trabalhará "desde a oposição", parecendo afastar a hipótese de entrar num governo tripartido com os socialistas. Mas não é claro se poderá facilitar a investidura de Illa, que com um governo minoritário ficaria numa posição mais frágil. 

PP ganha ao Vox

À direita, a luta entre o Partido Popular e o Vox era ver quem seria quarto. O PP de Alberto Núñez Feijóo venceu esse combate, elegendo 15 representantes (mais 12 do que tinha). E ultrapassou o Vox, que manteve os mesmos 11 representantes que já tinha.

O Parlamento catalão fica completo com duas formações independentistas, a de extrema-esquerda da Candidatura de Unidade Popular, que elegeu quatro deputados (perde cinco), e a da extrema-direita da Aliança Catalã, que se estreia com dois representantes.

O Parlament será constituído a 10 de junho, sendo 25 de junho a data máxima para a primeira sessão de investidura do presidente da Generalitat. Este tem que ser eleito até 25 de agosto, caso contrário dissolve-se o Parlamento catalão e terá que haver novas eleições.

Notícia atualizada às 23.30 com declarações dos vários líderes políticos

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