Internacional
30 agosto 2022 às 22h15

IE Tower. O campus vertical que traz um novo conceito de ensino a Madrid

No centro financeiro da capital espanhola está a IE University - uma universidade inovadora que promete "iniciar uma revolução" no mundo dos negócios, formando alunos mais conscientes da sociedade atual.

Com 180 metros de altura, a IE Tower - a quinta e mais recente torre do coração financeiro de Madrid - é o primeiro campus vertical de Espanha e um dos poucos a existir na Europa.

Este foi um projeto da IE University, que se concretizou há cerca de um ano, com a inauguração da enorme torre de 36 andares que veio impulsionar a universidade, tornando-a um sonho para os jovens que procuram uma experiência internacional.

Com uma vista privilegiada sobre a cidade, este "campus do futuro" aposta na inovação, sustentabilidade e empreendedorismo, juntando o mundo dos negócios com as humanidades para educar profissionais motivados a fazer a diferença na sociedade.

Em entrevista ao DN, Lee Newman (reitor da IE Business School), conta que esta universidade espanhola foca-se, acima de tudo, na experiência dos estudantes, vendo a educação "como um processo de transformação" nas suas vidas. "Queremos ajudar os alunos a compreenderem quem são", diz.

De acordo com Lee Newman, a escola está a "iniciar uma revolução" no mundo dos negócios, criando uma nova geração de profissionais diferentes, "que têm um sentido de responsabilidade muito forte e que usam as suas capacidades empresariais para fazer algo para além do seu trabalho".

Assim sendo, a estratégia da IE abrange três níveis de ação: "responsabilidade para com o planeta, responsabilidade para com a sociedade e responsabilidade para com as pessoas com quem se trabalha". "É necessário saber ser um bom colega de trabalho ou um bom chefe", sublinha o reitor.

A IE University destaca-se pela sua diversidade: mais de 130 nacionalidades estão representadas nos três campus - em Segóvia, em María de Molina e o terceiro no centro financeiro de Madrid.

"A missão da IE sempre foi não ser uma escola exclusivamente espanhola, por isso trabalhamos arduamente para a transformar numa escola internacional. É um círculo vicioso, no sentido em que as pessoas vêm agora para a nossa escola por ser tão diversa. Isto é, continuamos a ter tanta diversidade porque somos diversos", explica.

Na IE University o objetivo é apenas um: preparar os estudantes para o mundo do trabalho num ambiente internacional. "Na IE podemos ter cerca de 50 pessoas de 35 países diferentes numa sala de aula. Isto causa o que eu gosto de chamar "turbulência". Colocamos pessoas da Arábia Saudita, Líbano, América, Alemanha, Brasil, Colômbia, Japão, entre outros países, a trabalhar no mesmo projeto. São culturas muito distintas, com métodos de trabalho diferentes e muitas vezes não concordam. Isto cria "fricção". É por isso que são tão importantes as humanidades na IE. Para aprenderem a conviver e a trabalhar em conjunto e para estarem preparados para um ambiente profissional diverso", resume Lee Newman.

Filipe Silva é do Porto, mas em setembro de 2021 viajou até Madrid para estudar Business Administration na IE. Com apenas 18 anos, o jovem diz que esta é uma experiência muito diferente da que viveu em Portugal e que esta aventura começou pelo desejo de querer novos desafios.

"Chegou uma altura da minha vida em que percebi que queria viver novas experiências e abrir os meus horizontes. Depois de uma pesquisa, percebi que o meu caminho era em Madrid", diz.

Filipe desde cedo soube que estudar Economia e Gestão seria a escolha mais acertada, uma vez que "sempre viveu num ambiente familiar recheado de conversas sobre empresas", no entanto, a IE destacou-se por ser uma universidade que oferece uma educação que "expande horizontes".

"Sempre privilegiei um estudo mais prático e baseado no pensamento crítico. Nunca gostei de decorar ou de algo demasiado teórico... não me revejo nesse tipo de ensino. Aqui na IE o pensamento crítico é muito privilegiado. Nas aulas discutimos sobre vários temas - até mesmo em cadeiras onde nunca pensei que pudesse haver debates, tal como contabilidade. Há sempre bastante procura por parte dos professores em querer desafiar os alunos em termos de pensamento e, para mim, isso é muito bom. Aqui também se dá bastante foco aos trabalhos de grupo e aos convívios e isso é algo de que eu gosto", explica.

O curso de Business Administration acabou por ser ainda melhor do que Filipe alguma vez tinha pensado, havendo surpresas que o levam a considerar a IE como a sua melhor decisão. "Ao longo dos quatro anos abordámos vários temas que eu nunca pensei existirem no mundo da contabilidade. Apesar de ser um curso de Gestão, temos muitas cadeiras relacionadas com as humanidades, como escrita académica - que melhora a nossa escrita enquanto trabalhadores, no futuro - filosofia, culturas, programação, empreendedorismo. Estas disciplinas são muito interessantes e tiveram muito peso na minha decisão de vir estudar para a IE", defende.

A adaptação a um ensino e cultura diferentes foi um processo fácil e natural, ainda que a chegada à enorme IE Tower tenha sido "arrebatadora": "A torre é muito grande e é tudo muito diferente do que estamos habituados em Portugal. Estar a viver sozinho aos 18 anos não é propriamente simples, mas para mim foi fácil em termos das pessoas e da cultura. A Universidade tem um grande papel na nossa adaptação e logo desde o início houve várias atividades e iniciativas que promoveram um convívio entre alunos. Sempre me senti bem aqui".

Do Porto a Madrid, Filipe aponta muitas diferenças entre as duas cidades. "Madrid tem tanto para oferecer. Todos os dias são diferentes e nunca estou aborrecido. Noto que na vida académica de Madrid as pessoas estão sempre a incentivar-nos a fazer novas coisas e a seguir os nossos interesses. Mesmo sendo uma cidade tão grande, os alunos acabam por estar sempre juntos. Já conheci pessoas de todo o mundo... tenho amigos da Polónia, Macedónia, Vietname e dos Estados Unidos."

Já Tomás Fonseca tem 23 anos e foi para a IE frequentar o mestrado de Management. Ao contrário de Filipe, que estuda na torre, Tomás passa o seu tempo no campus de María de Molina (destinado aos alunos de mestrado).

Depois de uma licenciatura na Universidade Católica, em Lisboa, a partir da qual chegou a fazer Erasmus no Peru, Tomás percebeu que "queria ter mais uma experiência de ensino internacional".

"Foi aí que comecei a sondar as universidades e a ver qual é que me poderia proporcionar o que queria. Gostava de estudar fora de Portugal, mas também não desejava ir para muito longe. Tinha amigos que fizeram a licenciatura na IE e sempre ouvi coisas ótimas desta universidade, então decidi vir aqui fazer o mestrado. Foi o caminho mais adequado para mim", justifica.

Para Tomás, a IE fornece um tipo de ensino "ótimo", que foi além de todas as suas expectativas. "Desde o momento em que cheguei, que fui muito bem recebido. A universidade faz imensos eventos para nos integrarmos e tem uma coisa fundamental: a maior parte da nossa nota são trabalhos de grupo. Nós não escolhemos as pessoas com quem vamos trabalhar e normalmente só há uma pessoa de cada nacionalidade por grupo. É inacreditável. Para mim foi ótimo porque conheci pessoas de todos os cantos do planeta, desde a Índia até à Noruega. Tal como os alunos, até a maior parte dos professores vieram do estrangeiro".

Aliás, há um fator que parece ser do agrado de todos os alunos: "Aqui não há muito o conceito de "marrar". Estudamos e aprendemos em grupo, desenvolvendo as nossas soft skills", esclarece.

Prestes a terminar o mestrado, o jovem tenciona permanecer em Madrid por existir um vasto leque de oportunidades. "Esta experiência foi superenriquecedora. Aprendi imenso e honestamente abriu-me imensas portas e mudou a minha perspetiva completamente. Para quem vem de um país tão pequeno como Portugal, chegamos a Madrid e deparamo-nos com uma experiência de ensino completamente diferente. Aqui temos futuro e ganhamos um networking excepcional".

Para quem tem o sonho de se aventurar além-fronteiras, Tomás deixa o conselho: "Recomendo esta experiência para pessoas com uma mentalidade aberta, que querem sair da zona de conforto e conhecer novas pessoas".

ines.dias@dn.pt