A relação diplomática entre Israel e a Austrália entrou em rutura depois de o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, ter anunciado, a 11 de agosto, que irá reconhecer o Estado palestiniano na Assembleia-Geral da ONU, em setembro.Mas a crise diplomática, marcada pelo cancelamento do visto australiano a um político israelita, com Israel a responder cancelando os vistos aos diplomatas australianos que trabalham na Cisjordânia ocupada, resvalou agora para os ataques pessoais.“A história vai lembrar-se de Albanese pelo que ele é: um político fraco que traiu Israel e abandonou os judeus australianos”, lê-se na conta oficial no X do gabinete do primeiro-ministro israelita, citando diretamente Benjamin Netanyahu. Albanese não respondeu de imediato ao ataque, que surgiu depois de grupos judeus australianos terem lançado um apelo à calma.“Há consequências reais aqui e queremos ver os países a resolver quaisquer problemas antes que as coisas se descontrolem”, tinha dito Alex Ryvchin, líder do Conselho Executivo do Judaísmo Australiano. E defendeu que os dois países deviam pôr fim à “retaliação diplomática que corrói a boa vontade e a cooperação construídas ao longo de décadas”.O deputado israelita Simcha Rotman, que é da coligação de Netanyahu e defende que os palestinianos devem ser retirados da Faixa de Gaza, tinha previsto dar uma série de palestras na Austrália. Mas viu o seu visto revogado. O Governo australiano considerou que iria “continuar a fazer declarações inflamatórias para promover as suas visões e ideologias controversas” e que isso poderia “levar a fomentar a divisão na comunidade”.“Enquanto o antissemitismo grassa na Austrália, incluindo manifestações de violência contra judeus e instituições judaicas, o governo australiano está a optar por alimentá-lo com falsas acusações, como se a visita de figuras israelitas fosse perturbar a ordem pública e prejudicar a população muçulmana da Austrália. É vergonhoso e inaceitável!”, respondeu o chefe da diplomacia israelita, Gideon Sa’ar. E deu ordens para revogar os vistos dos representantes australianos na Autoridade Palestiniana. E deu ordens para se examinarem todos os pedidos de vistos oficiais.A homóloga australiana, Penny Wong, falou numa “reação injustificada” de Israel numa altura em que é preciso mais diálogo.