Depois de semanas de expectativas e de fugas de informação quase diárias sobre o que se podia esperar do novo Orçamento do Governo de Keir Starmer, as linhas gerais do documento acabaram por ser reveladas na internet minutos antes de a ministra das Finanças, Rachel Reeves, o apresentar no Parlamento. O Gabinete de Responsabilidade Orçamental (GRO) falou de um “erro técnico” e pediu desculpas à ministra, que teve de ouvir críticas da oposição não só devido à fuga, mas também às promessas quebradas.Um ano após ter aumentado os impostos em 40 milhões de libras (45,6 milhões de euros), dizendo que seria só dessa vez, e de forma a cumprir a promessa eleitoral de financiar todas as despesas (exceto investimentos) com receitas, a ministra anunciou um novo aumento dos impostos em 26,1 milhões de libras (29,7 milhões de euros). Se em 2024 o objetivo era “tapar o buraco” deixado por 14 anos de governos conservadores, agora a culpa é da economia que não está a crescer ao ritmo que o governo queria.Mas também para pagar o aumento dos custos com as prestações sociais, depois de ter sido obrigada a recuar na reforma da Segurança Social devido à oposição dos próprios trabalhistas. Neste Orçamento, também para agradar a membros do seu partido (há risco de rebelião), Reeves cedeu e acabou com o limite de dois filhos para receber benefícios (introduzido pelos conservadores). Num Orçamento destinado a “cortar nos custos de vida, diminuir a dívida e os empréstimos e, crucialmente, reduzir as listas de espera do Serviço Nacional de Saúde” e “pôr dinheiro nos bolsos das pessoas”, a decisão mais polémica é a de manter os escalões do imposto sobre rendimentos congelados. A ministra admite que isso significa aumentar os impostos aos trabalhadores, tendo dito que não o faria.Reeves cria ainda um novo imposto para casas que valem mais de dois milhões de libras e mantém congelado o imposto sobre combustíveis - mas cria um novo para veículos elétricos. Aumenta ainda os impostos sobre dividendos, tabaco, álcool e bebidas açucaradas, entre outros. “A minha escolha é um Orçamento que preze uma tributação justa, serviços públicos robustos e uma economia estável”, disse. O GRO estima que terá uma folga fiscal de quase 22 mil milhões de libras em cinco anos, com os mercados a reagirem positivamente. Ao contrário da oposição.A líder dos conservadores, Kemi Badenoch, falou na “vergonha” de o Orçamento ter sido publicado na Internet antes de ser anunciado e lembrou as promessas do ano passado de não aumentar impostos. “Jurou que seria uma experiência única. Disse a toda a gente que, a partir daí, haveria estabilidade e que tudo seria pago com crescimento. Hoje, ela quebrou todas essas promessas. Se tivesse um mínimo de decência, demitia-se.” Badenoch acusa o governo de “aumentar os impostos sobre os trabalhadores, os reformados e os que poupam para pagar subsídios e manter os seus deputados calados”..Impopular Keir Starmer tenta calar rumores de revolta interna