Gaza e Líbano na mira de Israel com Hamas a recusar ceder
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apelidou este domingo de “heróis da glória” os militares das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) que combatem na Faixa de Gaza, no Líbano e na Cisjordânia. “Há um ano sofremos um duro golpe. Nos últimos 12 meses, estamos a mudar a realidade de uma ponta à outra. O mundo inteiro espanta-se com os golpes que estão a dar nos nossos inimigos. Felicito-vos e digo-vos: vocês são a geração da vitória”, disse numa visita a soldados junto à fronteira com o Líbano.
Na véspera do primeiro aniversário do ataque terrorista do Hamas, que fez mais de 1200 mortos, as IDF voltaram a atingir em força o norte da Faixa de Gaza e mantiveram os bombardeamentos no sul de Beirute. No enclave palestiniano, pelo menos 26 pessoas morreram e 93 ficaram feridas quando um dos ataques atingiu uma mesquita e uma escola que alojava deslocados, segundo o governo liderado pelo Hamas.
O número dois do grupo terrorista palestiniano e principal negociador, Khalil Al-Hayya, insistiu este domingo que não haverá cedências da parte do Hamas. “O que o ocupante não conseguiu impor pela força, não irá tirar na mesa das negociações”, afirmou numa declaração na televisão ligada ao grupo. E insistiu: “O que rejeitámos ontem não vamos aceitar amanhã.” O Hamas acusa Israel de bloquear um acordo de cessar-fogo, que abriria a porta à libertação dos 97 reféns que ainda estão em Gaza, dos 251 que inicialmente foram levados há um ano para o enclave palestiniano.
SegundoAl- Hayya, apesar da flexibilidade do Hamas, Netanyahu continua a atrasar e a minar as negociações. Já os israelitas culpam o grupo terrorista, que insiste em querer o fim permanente da guerra e a retirada total das IDF de Gaza. Há semanas que não se fala de um acordo de cessar-fogo, apesar dos esforços dos mediadores (EUA, Egito e Qatar).
A guerra pode ter estado focada em Gaza no último ano, mas as trocas de fogo diárias de Israel com o Hezbollah acabaram por se transformar num conflito mais grave nas últimas semanas. Todos os dias os relatos são de bombardeamentos maiores do que os da véspera não apenas no sul do Líbano, onde os militares israelitas também já se encontram, mas nos arredores sul de Beirute - considerados um bastião do Hezbollah. O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, apelou para que o mundo “pressione Israel” a “comprometer-se com um cessar-fogo”.
Israel prossegue, contudo, os seus objetivos militares, estando também a preparar a resposta ao ataque iraniano da última terça-feira. “Quem pensa que uma simples tentativa de nos prejudicar nos dissuadiria de agir, deveria olhar para os nossos sucessos em Gaza e Beirute”, avisou o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, a partir da base aérea de Nevatim, um dos alvos dos mísseis balísticos do Irão. Gallant vai a Washington, não sendo claro se isso irá obrigar a adiar os esforços de retaliação. O Irão, entretanto, suspendeu todos os voos no seu espaço aéreo devido a “restrições operacionais”.
Em Israel, as autoridades estão em alerta máximo por causa do aniversário dos atentados. Apesar disso, em Beersheva, no sul de Israel, uma polícia de 25 anos morreu e dez pessoas ficaram feridas num ataque armado na estação central de autocarros. O agressor foi “eliminado em segundos pelas forças de segurança no local”, segundo as autoridades, que dizem que Shira Haya Suslik, da unidade de guarda-fronteiras, “caiu num confronto com o terrorista”.
Um ano do 7 de outubro
1205 mortos: a maioria dos mortos no ataque do Hamas eram civis. Número é da AFP, com base nos dados oficiais de final de setembro, e inclui reféns mortos em cativeiro.
251 reféns: De todas as 251 pessoas capturadas a 7 de outubro, 97 ainda estão reféns em Gaza - mas 33 são dadas como mortas por Israel.
348 soldados israelitas mortos: O balanço desde o início da ofensiva na Faixa de Gaza, a 27 de outubro.
41 802 mortos em Gaza: Segundo o governo de Gaza, controlado pelo Hamas, neste ano morreram quase 42 mil pessoas, a maioria civis. Há ainda quase 97 mil feridos.
163 778 edifícios destruídos: Dois terços dos edifícios na Faixa de Gaza foram destruídos ou danificados, segundo as contas da ONU em setembro.
1,9 milhões de deslocados em Gaza: Dos 2,4 milhões de habitantes na Faixa de Gaza, pelo menos 80% estão deslocados. Os números da ONU são de julho.
68 mil deslocados em Israel: Mais de 68 mil pessoas foram obrigadas a fugir de casa, a maioria no norte de Israel, face aos ataques do Hezbollah.
2036 mortos no Líbano: As trocas de tiros têm sido quase diárias entre Israel e o Hezbollah junto à fronteira. No Líbano já morreram 2036 pessoas, a maioria nos bombardeamentos do último mês e desde o início da incursão terrestre.