Funeral de Francisco será mais simples do que o dos antecessores. Conclave está previsto para daqui a um mês
As exéquias fúnebres do Papa Francisco vão ser celebradas durante nove dias consecutivos e a sepultura deve ter lugar, “salvo razões especiais, entre o quarto e o sexto dia após a morte”, segundo o Vaticano. O conclave para eleger o seu sucessor deverá realizar-se dentro de um mês, anunciou esta segunda-feira o Vaticano após a morte do pontífice.
As cerimónias fúnebres serão diferentes das dos anteriores pontífices, pois Francisco fez aprovar em 2024 a simplificação do ritual das exéquias para destacar o seu estatuto de fiel cristão e não o de chefe da Igreja Católica.
Jorge Mario Bergoglio, que escolheu o nome pelo qual desejava ser conhecido numa homenagem a São Francisco de Assis, o santo dos pobres, eliminou, por exemplo, a obrigação de os papas serem enterrados nos tradicionais três caixões, de cipreste, chumbo e carvalho, optando por apenas um caixão.
Segundo uma norma estabelecida em 1996 por João Paulo II, os funerais papais devem realizar-se entre o quarto e o sexto dias após a morte, tendo o seu ocorrido seis dias depois.
Em relação ao rito, Francisco aprovou em 2024 uma segunda edição do "Ordo Exsequiarum Romani Pontificis", o livro litúrgico aprovado em 1998 por João Paulo II e publicado em 2000.
O arcebispo Diego Ravelli, mestre das celebrações litúrgicas, explicou em novembro de 2024, na altura em que o Papa recebeu o primeiro exemplar do livro impresso, que Francisco "pediu [...] para simplificar e adaptar alguns ritos para que a celebração das exéquias do bispo de Roma exprimisse melhor a fé da Igreja em Cristo Ressuscitado".
"Além disso, o rito renovado devia sublinhar ainda mais que o funeral do romano pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não o de um homem poderoso deste mundo", acrescentou, em declarações ao portal de notícias do Vaticano.
Já esta segunda-feira, o Vaticano anunciou que o corpo do Papa Francisco será depositado numa urna ao final da tarde na capela da residência de Santa Marta, no Vaticano, onde vivia desde a sua eleição.
“Esta noite, segunda-feira 21 de abril, às 20:00 locais (19:00 em Lisboa), a sua eminência o reverendíssimo cardeal Kevin Joseph Farrell, cardeal camerlengo da Santa Igreja Romana, presidirá ao rito de certificação da morte e à colocação do corpo na urna”, acrescentou o Vaticano num comunicado.
De acordo com as novas regras, as celebrações mantêm as três etapas clássicas - a residência do Papa falecido, a Basílica de São Pedro e o local da sepultura -, mas a verificação da morte passa a acontecer na capela privada do defunto, em vez do quarto, e o corpo deve ser depositado num caixão de madeira, com interior de zinco, antes de ser transferido para a basílica.
Neste local, onde decorre o velório, o corpo deverá ser exposto diretamente no caixão, sendo depois, como escolheu Francisco, enterrado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, e não na cripta da Basílica de São Pedro, onde estão enterrados a maioria dos papas.
O último Papa sepultado em Santa Maria Maior foi Clemente IX, em 1669, encontrando-se também na Basílica os túmulos de Honório III, Nicolau IV, Pio V, Sisto V, Clemente VIII e Paulo V.
Francisco morreu esta segunda-feira aos 88 anos, após 12 anos de um pontificado marcado pelo combate aos abusos sexuais, guerras e uma pandemia.
Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta a chegar à liderança da Igreja Católica.
O Papa Francisco esteve internado durante 38 dias devido a uma pneumonia bilateral, tendo tido alta em 23 de março. A sua última aparição pública foi no domingo de Páscoa, no Vaticano, na véspera de morrer.