Freiras excomungadas detidas por alegada venda de arte sacra em Espanha
FOTO: Convento de Santa Clara de Belorado

Freiras excomungadas detidas por alegada venda de arte sacra em Espanha

Estas duas freiras fazem parte de um grupo de religiosas espanholas excomungadas em 2024 pelo Vaticano depois de se terem aproximado de uma seita considerada herética pela Igreja Católica.
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Duas freiras espanholas excomungadas pelo Vaticano em 2024 foram brevemente detidas e posteriormente libertadas por alegadamente venderem obras pertencentes à Igreja, de acordo com informações divulgadas esta sexta-feira, 28 de novembro, por um tribunal da província de Burgos.

"O tribunal de primeira instância de Briviesca concedeu a liberdade condicional às duas ex-freiras detidas na quinta-feira, que estão a ser investigadas por apropriação indevida de bens culturais", indicou o tribunal, em comunicado, referindo ainda que o antiquário acusado de receber as obras de arte sacra também foi libertado sob fiança.

Estas duas freiras fazem parte de um grupo de religiosas espanholas excomungadas em 2024 pelo Vaticano depois de se terem aproximado de uma seita considerada herética pela Igreja Católica.

Embora excomungadas, as freiras clarissas continuam a ocupar o convento de Santa Clara de Belorado, a 50 quilómetros de Burgos, apesar de uma decisão judicial que ordenava a sua expulsão de ambas do local, que pertence à Igreja Católica. As freiras recorreram e o processo ainda está em curso.

O tribunal espanhol não forneceu detalhes sobre as obras alegadamente roubadas, mas, o jornal El País adianta que as freiras teriam participado no tráfico de objetos de culto provenientes do convento, alvo de buscas na manhã desta quinta-feira.

"Não cometemos nenhum crime e não temos nada a esconder", defendeu-se uma das freiras num vídeo publicado esta quinta-feira à noite na sua conta do Instagram.

Excomungadas pela Igreja no âmbito de um caso muito mediatizado em Espanha, estas irmãs clarissas justificaram, num manifesto de 70 páginas divulgado na primavera do ano passado, a sua rutura com a Igreja por uma alegada perseguição da sua hierarquia, que, segundo as próprias, fez fracassar um projeto de aquisição pela sua comunidade de outro convento, situado no País Basco espanhol.

As freiras qualificaram o então Papa Francisco de "usurpador", apontaram um suposto "caos doutrinário" no Vaticano e anunciaram que se colocariam sob a autoridade de um padre expulso da Igreja Católica em 2019 pelo arcebispo de Burgos, Pablo de Rojas Sánchez-Franco, fundador da Piedosa União de São Paulo Apóstolo e que reivindica o "sedevacantismo", uma corrente que considera heréticos todos os papas que sucederam a Pio XII (1939-1958).

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