Vítimas do terramoto na Turquia passam fome por causa do inverno

O povo de Sanliurfa está focado na sobrevivência básica, mas os sobreviventes não sabem se terão comida suficiente para os próximos dias.

Na cidade turca de Sanliurfa, os sobreviventes do grande terrqmoto que causou morte, destruição e estragos na região enfrentam uma ameaça invisível, mas poderosa: a fome.

À medida que o sol da manhã ilumina o céu, as ruas rachadas de Sanliurfa parecem vazias. O mercúrio está apenas um pouco acima de zero, mas parece muito mais frio.

Tal como os vizinhos das outras nove províncias atingidas pelo terremoto de magnitude 7,8 de segunda-feira e pelas réplicas assustadoras, o povo de Sanliurfa está focado na sobrevivência básica.

O terrqmoto mais poderoso da Turquia em quase 100 anos atingiu esta remota região fronteiriça com a Síria nas primeiras horas da segunda-feira, matando mais de 5000 pessoas na Turquia e na vizinha Síria.

Dezenas de famílias de Sanliurfa encontraram refúgio no imponente andar térreo do hotel Hilton. No início de terça-feira, a maioria dos pais reunidos com seus filhos não pregou o olho. "Chegamos aqui às 15.00 horas de ontem, o hotel deu-nos sopa à noite, mas a noite já passou. Estamos com fome e as crianças também", disse Imam Caglar, de 42 anos.

"Hoje, as padarias estarão fechadas, não sei como vamos encontrar pão", disse o pai de três filhos. Fora do plano está ir buscar comida ao seu apartamento, localizado a algumas ruas de distância, por causa do perigo de o prédio se desmoronar repentinamente. "Moramos no primeiro de três andares do edifício, estamos com muito medo de voltar", diz, abanando a cabeça. "O nosso prédio não é nada seguro."

O inverno dificulta a resposta

O governo turco está a lutar para conseguir abrigar todas as pessoas forçadas a ir para a rua depois das suas casas terem desabado ou que não permaneceram nas suas habitações porque era muito arriscado por causa das réplicas sísmicas.

Centenas de milhares pernoitaram em dormitórios, escolas, mesquitas e outros edifícios públicos, enquanto outros abrigaram-se em hotéis que abriram as portas gratuitamente. Ajudá-los com alimentos e outras ajudas básicas tem sido um desafio.

Ainda para mais, uma tempestade de inverno deixou as estradas da região, algumas delas bastante danificadas pelos tremores, quase intransitáveis. Muitos aeroportos locais estão fechados e as suas pistas precisam de reparação.

"Comemos uma pequena tigela de sopa, mas não é suficiente", diz Mehmet Cilde, 56, pai de seis filhos, enquanto espera que o município local eventualmente forneça alimentos. Mas, admite: "Não temos informação, nada."

Nada além de cobertores

A situação é ainda mais terrível para Filiz Cifci. Ela perdeu a distribuição de sopa na noite de segunda-feira, na rua do hotel Hilton. Cifci e os seus três filhos, que fugiram de casa antes do amanhecer de segunda-feira com apenas três cobertores e os telemóveis, preferiram abdicar de uma refeição do que esperar ao vento e à chuva fria.

"Só tomamos chá e café ontem à noite, nada mais", disse, de lenço na cabeça e túnica roxa, sentada perto da casa de banho do hotel, onde as famílias vão buscar água potável. Não sabe se os filhos terão o suficiente para comer na terça-feira e nos próximos dias. "Por enquanto, não temos nada além de nossos cobertores", disse, acrescentando depois de uma uma pausa: "Pelo menos aqui, a água é potável."

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