Feijóo descarta "cordão sanitário" ao Vox se for governo em Espanha
O líder do Partido Popular (PP) espanhol, Alberto Núñez Feijóo, disse este domingo que não colocará cordões sanitários à extrema-direita do Vox se liderar o país, admitindo que é impossível pactuar com o “sanchismo”, mas não fechando a porta a “consensos” em determinados temas com os socialistas no futuro.
“Que governo haverá depois das próximas eleições? Só há duas opções: ou [Pedro] Sánchez ou eu. Não há outra. Ou Sánchez ou nós. E eu quero governar sozinho? Sim, quero governar sozinho. O único governo de coligação que tivemos até agora não funcionou”, afirmou no encerramento do Congresso do PP, que decorreu em Madrid e onde foi reeleito líder sem oposição.
“Vamos impor um cordão sanitário ao Vox, como a esquerda nos está a pedir? Não, porque é a terceira maior força política deste país. Os seus eleitores merecem respeito, e não estou disposto a encurralá-los”, acrescentou no discurso.
"Vamos estabelecer um cordão sanitário em torno do PSOE, como pede o Vox? É impossível chegar a um acordo com este PSOE, e é impossível chegar a um acordo com o sanchismo, sei-o por experiência própria. Isto não significa desistir para sempre de que este país recupere o consenso nas questões que o exigem", acrescentou.
Feijóo convocou o congresso a 12 de maio, com o argumento de que o governo de Sánchez está já “em contagem decrescente” e que era necessário “reativar” o PP e preparar o partido para eleições.
O congresso acabou por coincidir com a maior crise que vive o atual Governo, por causa de suspeitas de corrupção que envolvem antigos dirigentes do PSOE e um ex-ministro de Sánchez.
O líder do PP garantiu que para o partido que lidera só há um cordão sanitário, o Bildu, da esquerda independentista do País Basco, que integra antigos membros do grupo terrorista ETA. Feijóo afirmou que só se sentará a uma mesa de negociação quando o partido pedir desculpa às vítimas e ajudar a esclarecer os atentados e mortes do grupo terrorista.
No final do congresso, o presidente do PP espanhol alertou que apesar da crise que vive o Governo e o PSOE, a chegada do PP ao poder “não vai ser um passeio” e pediu cautela com “o excesso de confiança”.
As próximas legislativas em Espanha estão previstas para 2027.
Alberto Núñez Feijóo foi eleito líder do PP pela primeira vez em 2022 e venceu as últimas legislativas nacionais, em julho de 2023, mas não chegou a primeiro-ministro por não ter conseguido reunir uma maioria absoluta no parlamento que aprovasse a sua eleição para o cargo.
Desde que Feijóo está à frente do PP, o partido venceu também as eleições autonómicas e municipais de maio de 2023, as europeias de 2024 e as regionais na Galiza do ano passado.
Além de ser o maior partido no parlamento de Espanha, o PP está à frente dos governos autonómicos de 13 das 19 regiões e cidades autónomas do país.
Com Lusa