As eleições no Reino Unido são locais, mas é o governo trabalhista e a oposição conservadora que estão em jogo, numa ida às urnas onde se espera que o Reform UK de Nigel Farage seja o grande vencedor - abalando a hegemonia dos dois grandes partidos e dando à formação populista (ex-Partido do Brexit) a primeira grande hipótese de governar. Em jogo estão 1641 cargos em 23 autoridades locais em Inglaterra, a escolha de seis autarcas (quatro regionais e dois locais) e uma eleição intercalar em Runcorn and Helsby - depois de o deputado trabalhista se ter demitido por agredir um eleitor. A nível nacional, as sondagens são claras: o Reform UK está em primeiro, com 26% das intenções de voto, três pontos à frente dos trabalhistas e seis dos conservadores. Para Farage, um bom resultado nas locais abre a porta às eleições nacionais. “Um dos motivos pelos quais precisamos de conquistar um número realmente bom de lugares é para podermos formar equipas em torno dos vereadores eleitos”, disse Farage à Reuters. “É por isso que este 1 de maio é um momento tão importante para nós”, disse.Nas assembleias locais, a expectativa é que o Reform UK possa ganhar entre 400 e 450 lugares - o melhor resultado de qualquer partido. Caso se confirme, será uma verdadeira “revolução política”, admitiu Farage à agência de notícias. Quanto aos autarcas, as sondagens mostram que o Reform UK poderá ganhar três dos seis e conquistar o deputado em jogo. Quem vai perder?Dez meses depois da vitória histórica nas eleições gerais, espera-se que o Labour seja um dos derrotados. Desde logo porque deverá perder no círculo eleitoral de Runcorn and Helsby, considerado seguro, além de dois autarcas. Tudo para o Reform UK. Apesar de as eleições serem locais, os eleitores devem castigar o governo de Keir Starmer por várias decisões controversas - como cortar no apoio aos pensionistas para pagar a energia no inverno. Starmer espera um resultado difícil, mas defendeu as suas “decisões difíceis, mas certas”. Contudo, os maiores derrotados devem ser os conservadores. Em 2021, quando foram as últimas eleições locais, estavam em alta - Boris Johnson era o primeiro-ministro e o plano de vacinas contra a covid-19 estava em ação. Tinham 40% das intenções de voto, dez pontos percentuais à frente do Labour. Dos 23 conselhos municipais em jogo, controlam atualmente 16. São, por isso, quem tem mais a perder. Esta eleição é o primeiro grande teste à nova líder, Kemi Badenoch, que já procurou retirar importância à ida às urnas. Numa entrevista à Radio 5 Live, disse que um mau resultado não será culpa sua e não levará à sua demissão. “Temos de ultrapassar este período inicial em que o público rejeitou o conservadorismo. No ano passado, os eleitores votaram no que podiam para afastar os conservadores do poder. Temos um trabalho a fazer para corrigir a marca. Quem pensa que é uma tarefa que acontece de um dia para o outro e que mudar de líder mais uma vez é a solução não está a prestar atenção. O público está bastante cansado de nos ver mudar de líder”, indicou.