Explosões nos gasodutos e resultados nos "referendos" 

Infraestruturas que ligavam Rússia à Alemanha afetadas. Moscovo adverte sobre consequências das consultas na Ucrânia.

O instituto sueco que monitoriza a atividade sísmica, SNSN, acabou com o mistério: uma das suas 68 estações registou duas explosões submarinas nas primeiras horas de segunda-feira, pouco antes de se dar conta de fugas de gás nos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2. Para Kiev, o sucedido é "um ataque terrorista" da Rússia, a qual, por sua vez, anunciou os resultados dos "referendos" nas regiões sob ocupação parcial de Moscovo enquanto milhares de russos fogem para os países vizinhos e assim evitam a chamada de Putin para a guerra.

As autoridades dinamarquesas e suecas detetaram fugas no gasoduto Nord Stream 1, que a Rússia encerrou no início de setembro, e no gasoduto Nord Stream 2, por estrear devido à falta de autorização da Alemanha, na sequência da invasão russa da Ucrânia. Apesar de não estarem em funcionamento, ambas as infraestruturas estavam cheias de gás. "Com libertações de energia deste volume, não há muito mais do que uma explosão que a possa causar. Pode-se ver que são bastante repentinos. É uma libertação de energia muito súbita. Não é um colapso lento", disse à AFP o sismólogo Peter Schmidt da Universidade de Uppsala, onde está sediado o SNSN.

Horas mais tarde, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, disse que "a fuga de gás foi um ato deliberado". Mais contundente, o conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que se está perante "um ataque terrorista planeado pela Rússia e um ato de agressão contra a União Europeia", que tem como objetivo "desestabilizar a situação económica na Europa e provocar o pânico antes do inverno", afirmou Mikhailo Podolyak. As explosões ocorreram horas antes da inauguração do gasoduto que liga a Noruega à Polónia via Dinamarca e levaram o porta-voz do Kremlin a dizer que a hipótese de sabotagem "Não se pode excluir".

"Haverá mudanças fundamentais nestes territórios", disse o porta-voz do Kremlin sobre os "referendos".

Dmitri Peskov também falou sobre os resultados dos chamados "referendos" realizados em Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson. As consultas, que decorreram em território ucraniano ocupado sem quaisquer garantias democráticas, deram o resultado que já se sabia de antemão, uma percentagem esmagadora de apoio à anexação. Esta farsa, como classificou a chefe da diplomacia francesa Catherine Colonna, terá "consequências", disse o porta-voz. "Haverá mudanças fundamentais nestes territórios em termos legais, de direito internacional e de todas as medidas tomadas para garantir a segurança", advertiu Peskov, enquanto os líderes ocidentais reafirmam que nada muda. E o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken confirmou que Kiev tem "todo o direito" a usar as armas enviadas por Washington em todo o território ucraniano.

Consequência da chamada dos reservistas, na passada semana houve um aumento de 30% de russos a entrar na UE, em relação à semana anterior, enquanto milhares de outros fogem para a Geórgia, Cazaquistão e Mongólia.

cesar.avo@dn.pt

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