Ex-jornalista britânico condenado a pena suspensa por posse de pornografia infantil
A sentença foi esta segunda-feira anunciada no Tribunal de Magistrados de Westminster, que também determinou medidas de tratamento e reabilitação e a inscrição num registo de autores de crimes sexuais.
Huw Edwards, que era um dos rostos mais conhecidos da televisão britânica, declarou-se culpado, em julho, de três acusações "produção de imagens indecentes de crianças" (o que pode significar a posse de imagens).
As acusações referem-se a 41 imagens, algumas envolvendo uma criança com idade entre sete e nove anos, enviadas por um homem por mensagem de telemóvel entre dezembro de 2020 e agosto de 2021.
O ex-apresentador de 62 anos arriscava até dez anos de prisão, mas a acusação tinha sugerido uma pena de prisão suspensa.
Invocando problemas psicológicos e os "remorsos sinceros", Edwards, de 62 anos, demitiu-se em abril "a conselho dos seus médicos" e declarou-se culpado, evitando assim um julgamento longo e mediático.
O caso causou polémica no país e envergonhou a BBC, levando o atual primeiro-ministro, Keir Starmer, a declarar-se "chocado e horrorizado" com o escândalo.
Casado e pai de cinco filhos, Huw Edwards nasceu no País de Gales.
Em 1984 entrou para a BBC em 1984 como jornalista político, passando para apresentador do noticiário das 18:00 horas em 1994, antes de se tornar o rosto do noticiário das 22:00, o principal da estação pública britânica.
A frieza, combinada com a reputação de imparcialidade da BBC, levou-o a liderar vários programas especiais, incluindo a cobertura do casamento do Príncipe William com Catherine Middleton (2011) ou a morte de Nelson Mandela (2013).
Em 2022, foi ele que deu a notícia da morte da Rainha Isabel II.
A proeminência de Huw Edwards fez dele o jornalista mais bem pago da BBC, com um salário para o ano de 2023/2024 superior a 475 mil libras (mais de 560.000 euros).
Mas a queda foi abrupta. No verão de 2023, o tabloide The Sun noticiou que o jornalista tinha pago a um adolescente em troca de fotografias sexuais e foi suspenso.
Na altura, não foi instaurada qualquer ação judicial, mas novas acusações levaram às acusações em junho de 2024, dois meses após a demissão.
Desta vez, a investigação mostrou que Huw Edwards estava em contacto no WhatsApp com um homem que lhe enviava centenas de imagens de pornografia infantil.
As imagens ilegais encontradas, "claramente enviadas com o consentimento do senhor Edwards", envolviam principalmente adolescentes com idades compreendidas entre os treze e os quinze anos, mas algumas delas incluíam uma criança com idades compreendidas entre os sete e os nove anos, segundo o ministério público britânico.
Na altura, o advogado de Huw Edwards insistiu que o seu cliente apenas tinha recebido as imagens e não as tinha partilhado.
O caso gerou críticas à BBC pela forma como lidou com o escândalo, tendo uma investigação interna concluído que os procedimentos para lidar com queixas sobre o comportamento dos seus funcionários eram inadequados.
A BBC anunciou ainda que iria tentar recuperar os salários pagos ao seu antigo apresentador após a sua detenção em novembro passado.
A estação pública ainda está manchada pelo caso Jimmy Saville, que veio a público em 2012, um ano após a morte do famoso apresentador, que violou e abusou sexualmente de menores durante décadas.
A BBC iniciou nos últimos anos um vasto programa de redução de custos após um congelamento da taxa de televisão, que se situa em 169,50 libras (200 euros), cujo modelo está em sob pressão para reformar.