O presidente polaco, Andrzej Duda.
O presidente polaco, Andrzej Duda.EPA/RADEK PIETRUSZKA

EUA têm bombas nucleares em cinco países europeus. Polónia quer ser o sexto

Tanto o presidente como o primeiro-ministro polaco defenderam publicamente a presença destas armas norte-americanas no seu território. JD Vance duvida que Donald Trump o faça.
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O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, disse na semana passada que "estaríamos mais seguros se tivéssemos o nosso próprio arsenal nuclear". A ideia não é a Polónia desenvolver a sua própria arma – só nove países são potências nucleares – mas acolher no território algumas do arsenal de outros, nomeadamente dos EUA.

"A Polónia está preparada para acolher estas armas nucleares", disse também na quinta-feira, à BBC, o presidente polaco, Andrzej Duda.

Dois países europeus têm bombas nucleares – Reino Unido e França – sendo que os britânicos fazem parte do Grupo de Planeamento Nuclear, um fórum da NATO no qual 31 aliados discutem a política nuclear. As suas bombas estão todas em submarinos e estão dependentes das informações técnicas dos norte-americanos.

Já o arsenal francês é totalmente independentes dos EUA e da Aliança Atlântica, uma política lançada na década de 1960. Na altura o presidente Charles de Gaulle decidiu pela "independência estratégica" francesa, prevendo que um dia os interesses dos EUA podiam chocar com os da França.

Há contudo países europeus que acolhem armas nucleares norte-americanas ao abrigo da política de dissuasão da NATO. O escudo nuclear dos EUA sobre a Europa inclui armas em seis bases de cinco países: Bélgica (Kleine Brogel), Alemanha (Büchel), Itália (na base de Aviano e na de Ghedi), Países Baixos (Volkel) e Turquia (Incirlik).

Estima-se que existam entre uma centena e 180 bombas táticas nucleares B61 nestes cinco países, controladas totalmente pelos EUA. Mas as Forças Aéreas locais estão treinadas para as poderem lançar.

Para Duda, a presença destas armas norte-americanas em solo polaco iria aprofundar o compromisso dos EUA com a segurança da Polónia – que já gasta quase 5% do seu PIB em Defesa, mais do que qualquer país da NATO, incluindo os EUA.

Atualmente há cerca de dez mil militares norte-americanos na Polónia, mas a presença de armas nucleares no país poderia ser vista pela Rússia como uma provocação.

Duda alega contudo que seriam apenas uma resposta ao presidente russo, Vladimir Putin, que no ano passado decidiu enviar algumas das suas armas nucleares táticas para a Bielorrússia.

"Acho que não só chegou a altura, como seria mais seguro se estas armas já estivessem aqui", disse Duda noutra entrevista, ao Financial Times.

Mas o vice-presidente norte-americano duvida que Donald Trump esteja interessado. "Ainda não falei com o presidente sobre este tema em particular, mas ficaria chocado se ele apoiasse a expansão das armas nucleares para o leste da Europa", disse JD Vance, à Fox News. "Temos de ter cuidado", acrescentou.

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