EUA retiveram momentaneamente informações militares a Israel durante a era Biden
EPA/MOHAMMED SABER

EUA retiveram momentaneamente informações militares a Israel durante a era Biden

Administração norte-americana interrompeu transmissão de vídeo de drones sobre Gaza e restringiu uso de dados na caça a alvos de alto valor, devido a preocupações com o cumprimento das leis da guerra.
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Responsáveis dos serviços de informações dos Estados Unidos suspenderam temporariamente a partilha de dados cruciais com Israel durante a administração Biden. A decisão deveu-se a preocupações crescentes sobre a conduta das operações militares israelitas em Gaza, de acordo com seis pessoas familiarizadas com o assunto, noticia esta sexta-feira, 12 de dezembro, a Reuters.

No segundo semestre de 2024, os EUA cortaram o acesso a uma transmissão de vídeo em direto (feed) de um drone norte-americano que sobrevoava a Faixa de Gaza. Estas imagens, segundo a agência norte-americana, estavam a ser utilizadas pelo governo israelita na sua busca por reféns e militantes do Hamas. A Reuters tem em exclusivo cinco fontes que garantem que esta suspensão se manteve durante, pelo menos, alguns dias.

Além do corte nas imagens, Washington impôs restrições à forma como Israel poderia utilizar certas informações secretas na perseguição de alvos militares de "alto valor" em Gaza, indicaram duas das fontes, que falaram sob condição de anonimato.

Preocupações com direitos humanos

A decisão surgiu num momento em que se intensificavam as inquietações na comunidade de informações dos EUA relativamente ao elevado número de civis mortos nas operações israelitas. Havia também receios de que o Shin Bet, a agência de segurança interna de Israel, estivesse a maltratar prisioneiros palestinianos.

Três fontes adiantaram à Reuters que os responsáveis norte-americanos estavam preocupados com a falta de garantias suficientes, por parte de Israel, de que as informações fornecidas seriam utilizadas em conformidade com as leis da guerra. A legislação dos EUA exige que as agências de informações recebam tais garantias antes de partilharem dados com um país estrangeiro.

Embora a administração Biden tenha mantido uma política geral de apoio contínuo a Israel, tanto em termos de informações como de armamento, esta decisão interna das agências foi descrita como "limitada e tática". O objetivo era assegurar que o uso das informações americanas respeitava a legalidade internacional. A partilha foi retomada assim que Israel forneceu as garantias necessárias.

Um porta-voz do ex-presidente Joe Biden não respondeu aos pedidos de comentário enviados pela Reuters e não foi possível determinar se este teve conhecimento direto destas decisões táticas.

Do lado israelita, o gabinete de imprensa militar não abordou diretamente as suspensões, afirmando apenas que "a cooperação estratégica de informações continuou durante toda a guerra". O gabinete do primeiro-ministro israelita, que tutela o Shin Bet, não respondeu aos pedidos de comentário.

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