EUA recebem primeiro grupo de sul-africanos brancos a quem Trump deu asilo por serem alvo de "genocídio"
O primeiro grupo de 59 sul-africanos brancos, que a Administração de Donald Trump considera refugiados por enfrentarem discriminação racial na África do Sul (algo que o governo de Pretoria nega), chegou na segunda-feira aos EUA.
“Quero que todos saibam que são muito bem vindos aqui e que respeitamos o que tiveram que viver nestes últimos anos”, disse o vice-secretário de Estado, Christopher Landau, que esperava no aeroporto de Dulles (Virginia) o grupo de Afrikaners.
Os Afrikaners são, na sua maioria, descendentes dos colonos neerlandeses que, até ao fim do apartheid, dominavam a política e o setor agrícola da África do Sul.
As primeiras indicações era de que um grupo de 49 era esperado a bordo do voo fretado pela Administração, mas o Departamento de Estado confirmou que chegaram 59.
Landau explicou que muitos dos que chegaram, entre os quais várias crianças com pequenas bandeiras norte-americanas, foram alvo de “invasões ameaçadoras das suas casas, quintas e uma verdadeira falta de interesse do governo em fazer algo em relação a essa situação”.
Trump, que suspendeu o programa de acolhimento de refugiados quando chegou à Casa Branca, abriu uma exceção para os Afrikanders. Este grupo foi alvo de um processo acelerado de verificação, com Landau a dizer que podem ser facilmente “assimilados” nos EUA.
Na segunda-feira, antes de partir para a sua viagem ao Médio Oriente, o presidente disse que os aceitava como refugiados por causa “do genocídio que está a acontecer”, alegando que os agricultores brancos estão “a ser mortos” e que vai falar do tema com o governo sul-africano na próxima semana.
O governo da África do Sul diz que são “completamente falsas” as acusações de que a minoria branca está a ser perseguida e que não houve qualquer expropriação de terras, como está a ser alegado.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, já disse a Trump que em causa está desinformação em relação aos esforços do governo de corrigir as falhas deixadas pelo colonialismo e o anterior sistema de apartheid, que oprimia a maioria negra e terminou em 1994.
Um dos que está espalhar essa desinformação é o milionário Elon Musk, dono do X e da Tesla e nascido na África do Sul. Tem partilhado alegações de que alguns políticos no país estão a “promover ativamente o genocídio dos brancos”.
O governo sul-africano, quando confrontado com as mortes de agricultores brancos, alega que o problema prende-se com o crime - que afeta todas as comunidades por igual.