EUA querem uma "Rússia enfraquecida" e reforçam apoio militar à Ucrânia e NATO

Rússia atacou com mísseis infraestruturas ferroviárias para travar a chegada de mais armamento estrangeiro à Ucrânia. António Guterres, que esta terça-feira se encontra com Putin, expressou apoio aos esforços diplomáticos de Erdogan.
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Não houve declarações, apenas um comunicado e duas fotografias. "Eles enfatizaram a necessidade urgente de acesso efetivo através de corredores humanitários para evacuar civis e fornecer assistência muito necessária às comunidades afetadas. O Presidente [Recep Tayyip Erdogan] e o secretário-geral [António Guterres] concordaram em manter contacto para acompanhar as iniciativas em andamento", diz a nota publicada pelas Nações Unidas.

O "objetivo comum" de Erdogan e de Guterres, que expressou apoio aos esforços diplomáticos da Turquia, "é acabar com a guerra o mais rápido possível e criar condições para acabar com o sofrimento dos civis".

Segundo o comunicado, foi ainda discutido o impacto da guerra em questões regionais e globais, incluindo em setores como energia, alimentos e finanças.

Guterres visitará esta terça-feira Moscovo onde irá encontrar-se com Putin. Antes terá uma reunião e um almoço com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo. Na quinta-feira está anunciada uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano e com Zelensky.

Ontem, a vice-primeira-ministra ucraniana apelou a Guterres para ser o "iniciador e garante" de um corredor humanitário para fora de Azovstal, em Mariupol, e pediu que o pessoal da ONU e da Cruz Vermelha acompanhem todas as pessoas que sejam retiradas do local.

Segundo as autoridades ucranianas, há mais de "mil civis, mulheres e crianças" e "centenas de feridos" escondidos em Azovstal, ao lado dos combatentes ucranianos que defendem o local dos ataques russos.

"Queremos ver a Rússia enfraquecida de modo a que não possa fazer o tipo de coisas como a invasão da Ucrânia. [Os russos] Já perderam muito da capacidade militar. Queremos que não tenham a capacidade de recuperar muito rapidamente essa capacidade".

A frase é de Lloyd Austin, secretário de Defesa norte-americano, e foi dita aos jornalistas, numa zona de "localização não revelada", junto à fronteira da Polónia com a Ucrânia, horas depois do encontro em Kiev com Zelensky ter sido revelado.

"A primeira coisa para ganhar é acreditar que se pode ganhar. E eles [os ucranianos] estão convencidos de que podem ganhar. Podem ganhar se tiverem o equipamento certo, o apoio certo", disse o chefe do Pentágono que estava acompanhado do secretário de Estado, Antony Blinken.

E esse apoio está garantido. Os Estados Unidos aprovaram um total de 661 milhões de euros em financiamento militar para a Ucrânia e outros 15 países "aliados e parceiros."

Deste valor, a Ucrânia irá receber mais de metade: 299 milhões de euros em "financiamento militar" e 153 milhões de euros em munições.

Os restantes 209 milhões serão entregues a países da NATO e outros que forneceram a Kiev apoio militar desde o início da guerra.

A estratégia, explicou Blinken, é "apoio maciço à Ucrânia, pressão maciça contra a Rússia". Resultados? Há e "reais", diz. "Nos objetivos de guerra, a Rússia está a falhar e a Ucrânia a ter sucesso".

Anatoly Antonov, embaixador russo em Washington, já deixou, entretanto, o aviso de que é "inaceitável os Estados Unidos despejarem armas na Ucrânia". "Exigimos o fim dessa prática", frisou.

Para além da ajuda militar, Blinken e Austin revelaram que, por decisão de Joe Biden, foi nomeada uma nova embaixadora para a Ucrânia e que os diplomatas que tinham saído do país, antes do início da guerra, vão "começar a regressar na próxima semana."

Bridget Brink, atual embaixadora na Eslováquia, mulher "com profunda experiência na região", foi a escolhida para reabrir "dentro de semanas, um par de semanas" a embaixada em Kiev que está sem titular diplomático desde maio de 2019.

Brink, que começou a carreira diplomática em 1996, e que fala cinco línguas (inglês, russo, sérvio, francês e georgiano), tem participado em várias funções na administração diplomática, na definição da política externa norte-americana na Turquia, Grécia, Chipre, Geórgia, Azerbeijão, Uzbequistão e Arménia.

Outro reforço de ajuda militar foi, entretanto, anunciado por Ben Wallace, secretário de Defesa britânico. Vão seguir nos próximos dias um "pequeno número" de veículos lançadores de mísseis Stormer, mísseis antiaéreos Starstreak, mais de 5 mil NLAW (mísseis anti-tanque), 200 javelins e tanques Challenger 2 que ficarão "implantados" na Polónia.

"A intenção de Putin é a de apenas destruir, esmagar, exterminar os povos livres da Ucrânia (...) não podemos permitir que isto prevaleça", afirmou.

A explicação para o reforço militar, o envio de mais armamento, tem ainda outra razão: "Se a Rússia parar de lutar, haverá paz. Se a Ucrânia parar de lutar, não haverá mais Ucrânia".

Para travar a chegada de armamento estrangeiro, a Rússia atacou, ontem, com mísseis, cinco infraestruturas ferroviárias no centro e no oeste da Ucrânia. Outras três linhas ferroviárias estão sem eletricidade por causa dos bombardeamentos. "Estão a tentar destruir as rotas de abastecimento de assistência técnica militar dos estados parceiros", admitiu o comando das forças armadas ucranianas.

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