Trump falou ao lado de Vance, Rubio e Hegseth.
Trump falou ao lado de Vance, Rubio e Hegseth.EPA/Carlos Barria / POOL

EUA bombardeiam Irão. Trump diz que instalações nucleares foram "obliteradas" e exige que se faça a paz

Presidente dos EUA confirmou ataque contra três instalações nucleares iranianas. Agência nuclear iraniana confirmou ataques a Fordo, Isfahan e Natanz, mas insistiu que programa nuclear continua.
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"Todos ouviram esses nomes durante anos, enquanto construíam este horrível empreendimento destrutivo. O nosso objetivo era a destruição das instalações de enriquecimento nuclear do Irão. Os ataques foram um sucesso militar espetacular", afirmou Donald Trump, num discurso televisivo. O presidente dos EUA confirmou assim o ataque dos EUA contra três instalações nucleares iranianas.

Trump garantiu que as principais instalações de enriquecimento de urânio de Teerão foram "total e completamente destruídas". Pouco mais de uma semana depois de Israel ter atacado o Irão com o argumento de impedir a República Islâmica de desenvolver a bomba nuclear, e após ataques cruzados entre os dois países, os EUA entraram no conflito ao lado do aliado israelita.

O presidente advertiu ainda Teerão contra eventuais retaliações contra os EUA, sublinhando que o Irão tem de escolher entre “paz ou tragédia”, num discurso em que falou ao lado do vice-presidente, JD Vance, do secretário de Estado, Marco Rubio, e do secretário da Defesa, Pete Hegseth.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, condenou os ataques dos EUA como "ultrajantes" e afirmou que Teerão está a reservar "todas as opções para defender a sua soberania".

"Os acontecimentos desta manhã são ultrajantes e terão consequências duradouras. Todos os membros da ONU devem estar alarmados com este comportamento extremamente perigoso, ilegal e criminoso", escreveu Araghchi na rede social X.

Araghchi acrescentou que os EUA "cometeram uma grave violação" da Carta das Nações Unidas como membro do Conselho de Segurança da ONU.

Mais tarde, o chefe da diplomacia iraniana reforçou: “Ao completar a cadeia de violações e crimes cometidos pelo regime sionista, os Estados Unidos lançaram uma guerra perigosa contra o Irão”.

Reagindo aos apelos da União Europeia e de Londres para voltar ao diálogo, Araghchi garantiu que os EUA e Israel “decidiram fazer explodir” a diplomacia ao bombardearem o Irão. “Estávamos a negociar (sobre o programa nuclear iraniano) com os EUA quando Israel decidiu fazer explodir essa diplomacia”, afirmou o ministro, primeiro no X e depois em declarações em Istambul, acrescentando que, quando estavam em diálogo com países da União Europeia - referindo-se às negociações em Genebra esta semana -, “os EUA decidiram, por sua vez, reverter esta diplomacia”. “Que conclusões se podem tirar disto?”, respondeu Araqchi aos apelos feitos este domingo, 22 de junho, pela chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, e pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.

A alta representante da UE para as Relações Exteriores apelou para que “todas as partes” deem “um passo atrás”, regressem à mesa de negociações e evitem uma nova escalada”, depois do bombardeamento, esta madrugada, dos EUA contra as principais instalações nucleares do Irão. O primeiro-ministro britânico, por seu turno, apelou para que o Irão “regresse à mesa das negociações”, sublinhando que “a estabilidade na região é uma prioridade”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano anunciou que irá a Moscovo para se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, na segunda-feira.

Israel agradece a Trump "corajoso" ataque e emite alertas contra mísseis iranianos

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, agradeceu este domingo ao presidente Trump, pelo “corajoso” ataque dos EUA às instalações nucleares iranianas, afirmando que este criou um “ponto de viragem histórico” que poderá conduzir o Médio Oriente à paz.

“Agradeço-lhe, o povo de Israel agradece-lhe”, disse Netanyahu numa mensagem de vídeo dirigida a Trump. “A sua decisão corajosa de atacar as instalações nucleares do Irão com o poder impressionante e justo dos Estados Unidos vai mudar a história”, acrescentou Netanyahu.

A 13 de junho, o chefe do governo israelita lançou o seu país numa guerra contra a República Islâmica, destinada, nas suas palavras, a eliminar a “ameaça existencial” que o programa nuclear iraniano e os seus mísseis balísticos representam para Israel.

Entretanto, a Força Aérea de Israel afirma ter detetado mísseis lançados do Irão para o território israelita, o que levou à emissão de alertas "em várias áreas do país". Testemunhas afirmaram ter ouvido estrondos ou explosões em Jerusalém e Telavive. Ainda não está claro se os sons são provenientes do impacto dos mísseis ou da interceção pelo sistema de defesa aérea de Israel.

Um repórter do Times of Israel afirma que médicos e forças de segurança estão a responder a relatos de ataques no centro e norte de Israel.

Trump falou na Casa Branca na madrugada de sábado para domingo, horas depois de anunciar nas redes sociais que as forças armadas americanas tinham realizado ataques contra três instalações nucleares importantes no Irão.

Donald Trump apelidou o Irão de “o rufia do Médio Oriente” e alertou para a possibilidade de novos ataques se o país não fizer a paz. “Se não o fizerem, os futuros ataques serão muito maiores e muito mais fáceis”, afirmou.

O presidente retratou o ataque como uma resposta a um problema de longa data, mesmo que o objetivo fosse impedir o Irão de desenvolver armas nucleares. Há 40 anos que o Irão diz “morte à América, morte a Israel”, disse Trump.

A agência nuclear iraniana confirmou os ataques às instalações atómicas iranianas de Fordo, Isfahan e Natanz, mas insistiu que o programa nuclear do país não será interrompido.

“A Organização de Energia Atómica do Irão garante à grande nação iraniana que, apesar das conspirações malignas dos seus inimigos, com os esforços de milhares dos seus cientistas e especialistas revolucionários e motivados, não permitirá que o desenvolvimento desta indústria nacional, que é o resultado do sangue dos mártires nucleares, seja interrompido”, declarou a Organização de Energia Atómica do Irão, citada pela agência oficial iraniana, IRNA.

Com Lusa

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