Debate entre Trump e Biden, no dia 27 de junho de 2024, nos Estados Unidos.
Debate entre Trump e Biden, no dia 27 de junho de 2024, nos Estados Unidos.FOTO: EPA/WILL LANZONI / CNN PHOTOS

Estudo revela que a satisfação com a democracia está abaixo dos 50% em oito de nove países ocidentais

Inquérito da Ipsos revela que as notícias falsas, a falta de transparência, o extremismo e a corrupção são vistos como as maiores ameaças.
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A satisfação com a democracia está abaixo dos 50% em oito dos nove países ocidentais incluídos num inquérito da empresa de estudos de mercado Ipsos.

As notícias falsas, a falta de transparência política, o extremismo e a corrupção são vistos como as maiores ameaças ao sistema democrático.

Um inquérito a quase 10 mil pessoas na Croácia, França, Itália, Países Baixos, Polónia, Espanha, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos constatou uma baixa satisfação com a democracia em todos os países, exceto um, a Suécia.

Gideon Skinner, diretor sénior de política do Reino Unido na Ipsos, diz que, "apesar do forte apoio aos ideais democráticos em muitos países, os povos estão claramente desapontados com o funcionamento da democracia na prática e preocupados com o seu futuro.”

Skinner adianta que o inquérito, denominado "State of Democracy" [Estado da Democracia] mostrou que a preocupação com a democracia está a crescer rapidamente em alguns países, particularmente nos Países Baixos e em França, e que existe um forte desejo de “mudanças radicais” em quase todos.

Apenas menos de um terço dos inquiridos em seis países – 18% na Croácia, 19% em França, 20% nos EUA, 26% no Reino Unido, 27% em Espanha e 29% em Itália – afirmaram estar satisfeitos com o funcionamento da democracia nos seus países.

Mais dividas estão as opiniões nos Países Baixos (36% satisfeitos, 37% insatisfeitos) e na Polónia (40% satisfeitos, 31% insatisfeitos), enquanto a Suécia foi o único país do inquérito onde a maioria se mostrou satisfeita com o funcionamento da democracia (65%).

Em todos os países inquiridos mais pessoas afirmaram que a democracia piorou mais do que melhorou nos últimos cinco anos, sendo as opiniões particularmente negativas em França (81%) e nos Países Baixos (76%), que têm atravessado crises governativas. Porém, essa perceção também é claramente maioritária nos Estados Unidos (61%), Espanha (58%) e Reino Unido (58%). A Polónia é a exceção à regra, uma vez que 42% dos inquiridos consideram que tinha melhorado e 30% que tinha piorado.

À exceção da Suécia, os inquiridos dos outros países estão maioritariamente preocupados com o futuro da democracia nos próximos cinco anos: 86% em França, 80% em Espanha, 75% no Reino Unido e na Polónia, 74% nos Países Baixos, 73% na Croácia, 69% nos EUA e 64% em Itália.

Em nenhum dos nove países a maioria dos inquiridos sente que o seu governo representa os seus pontos de vista "muito" ou "razoavelmente".

Ainda assim, em oito países uma clara maioria entender que a democracia é crucial para a sociedade e que vale a pena defendê-la. Os croatas foram os únicos a considerar que a democracia deveria estar condicionada à garantia de uma boa qualidade de vida.

No que concerne às principais ameaças à democracia, a desinformação foi considerada o maior perigo em França (56%), no Reino Unido (64%), na Suécia (67%), nos Países Baixos (75%) e na Polónia (76%). Nos EUA (63%) e nos países do sul da Europa – Espanha (73%), Croácia (80%) e Itália (47%, a par da desigualdade económica) – os inquiridos foram mais propensos a identificar a corrupção como a maior ameaça.

Entre as possíveis soluções para o reforço da democracia, os inquiridos apontam principalmente leis anticorrupção mais rigorosas e com uma aplicação mais eficaz, uma regulamentação mais forte das redes sociais, uma melhor educação cívica e a proteção da independência dos tribunais.

Apesar do apoio forte à democracia, há perceção na maioria dos países de que o sistema é manipulado a favor dos ricos e poderosos, em vez de funcionar para todos.

O apoio a mudanças radicais é elevado na maioria dos países: 52% em Espanha, 55% em Itália, 60% na Polónia e no Reino Unido, 66% em França e 69% na Croácia. No entanto, também se verificou uma clara preferência em todos os países por líderes políticos que procuram o consenso.

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