O presidente do Junts per Catalunya, Carles Puigdemont, defendeu esta segunda-feira a rutura com o Executivo do primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, acusando-o de não ter cumprido o acordo de investidura assinado há quase dois anos. “O Governo espanhol não poderá recorrer à maioria de investidura, não poderá aprovar um orçamento [e ainda trabalham com a prorrogação do de 2023] e não terá capacidade para governar”, avisou Puigdemont, explicando que o partido passará “à oposição” após a decisão final dos militantes.Sem maioria no Congresso, Sánchez depende dos votos dos sete deputados independentistas do Junts (entre outros). Mas o Governo está confiante de que não votarão a favor de uma eventual moção de censura - já que isso abriria as portas ao Partido Popular (PP) e à extrema-direita do Vox. Os socialistas evitaram criticar os independentistas, transmitindo o seu “respeito absoluto” pela decisão e mantendo a mão estendida para o diálogo - como até agora, apesar de o Junts ter travado propostas-chave, como a redução do horário de trabalho. Mas Puigdemont já vinha a ameaçar a rutura há vários meses e agora avança nesse sentido. “Um pacto que não se cumpre é um acordo quebrado”, disse o líder independentista numa declaração desde Perpiñán, em França, a poucos quilómetros da fronteira com Espanha, constatando que “não há confiança a nível político”. Puigdemont explicou que o seu partido “não está disposto a ajudar um Executivo que não ajuda a Catalunha”.Mais cedo, numa reunião de mais de três horas, a direção do partido tinha aprovado por unanimidade a rutura com o Governo de Sánchez, mas a palavra final cabe aos militantes, que se vão pronunciar esta quarta e quinta-feira numa consulta feita online.Em novembro, completam-se dois anos da assinatura do Acordo de Bruxelas, que garantiu o apoio do Junts à investidura de Sánchez como primeiro-ministro. Mas o Junts alega que este não está a ser cumprido. Em causa estão três pontos: a amnistia aos líderes independentista, nomeadamente ao próprio Puigdemont; a transferência dos poderes sobre imigração para a Generalitat da Catalunha; e o estatuto do catalão (assim como do galego e do basco) como língua oficial da União Europeia. O Governo alega que tem feito o possível para avançar nestes pontos, mas aponta culpas aos outros pelos atrasos: sejam os juízes (que decidiram que a amnistia não se aplica aos crimes de peculato, aguardando-se uma decisão do Tribunal Constitucional), o Podemos (que votou com a direita na questão da imigração, considerando a proposta “racista”) ou o PP (que tem bloqueado as iniciativas a favor do catalão em Bruxelas). .O encontro de hora e meia entre Illa e Puigdemont que vai mais além da foto