Marta Rovira anunciou os resultados da consulta e lembrou que o “sim” da ERC é “vigilante”.
Marta Rovira anunciou os resultados da consulta e lembrou que o “sim” da ERC é “vigilante”.EPA/ALBERTO ESTEVEZ

ERC aprova investidura de Illa como líder catalão

Militantes da Esquerda Republicana da Catalunha aprovaram por 53,5% a fórmula que entrega Governo ao socialista.
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Os militantes da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) aprovaram esta sexta-feira por 53,5% o apoio à investidura do socialista Salvador Illa como presidente do governo catalão. A votação abre a porta à realização do debate de investidura, provavelmente já na próxima semana. Mas o acordo entre a ERC e os socialistas está a causar problemas dentro do partido do primeiro-ministro Pedro Sánchez.

Os socialistas catalães venceram as eleições de 12 de maio e conquistaram 42 deputados, um número insuficiente para ter a maioria e conseguir a investidura no Parlamento catalão. Illa negociou então acordos com os Comuns Sumar, que têm seis deputados e que estão no governo com Sánchez, e a ERC, que estava atualmente à frente do governo catalão e ficou com apenas 20 deputados.

Juntos, têm 68 representantes, a maioria pelo valor mínimo no Parlamento de 135 lugares, pelo que não pode haver desistências ou recuos - a ala da juventude do ERC ainda vai estudar se a sua deputada Mar Besses apoia ou não Illa, apesar de a consulta aos militantes ter sido alegadamente vinculativa. Participaram 6349 militantes, equivalente a 77%, com o “sim” a ter 53,5 %, o “não” 44,8%. A abstenção foi de 1,7%. “O nosso sim é vigilante. Há muito distanciamento político com o Partido dos Socialistas Catalães”, disse a líder Marta Rovira.

O acordo entre os socialistas e a ERC, de 25 páginas, contempla um “financiamento singular” para a Catalunha, que o partido de Rovira considera um “acordo económico”. Além disso tem ainda medidas para o reforço da cultura catalã, tendo sempre em mente construir uma região “mais bem preparada e mais forte com vista ao objetivo final, que é a independência da Catalunha”.

As questões de financiamento autonómico não caíram contudo bem junto de outros líderes socialistas, com queixas do lado da Extremadura, das Astúrias ou Castela-Mancha. Exigem a Sánchez um debate sobre o tema, não querendo ser prejudicados. As mudanças previstas obrigam a alteração legislativa no Congresso, para a qual é preciso uma maioria, sendo este um processo complicado. “Não vai avançar, não deixemos que ninguém se engane”, disse o líder do governo de Castela-Mancha, Emiliano García-Page, considerando que a sua aprovação seria “dar um pontapé no puzzle constitucional”. O socialista deixou claro que não apoia esta proposta e mostrou-se confiante de que o PSOE também “não o tolerará”. Illa falará este sábado diante da comissão executiva do partido. 

Também a oposição criticou o acordo, com o líder do PP catalão, Alejandro Fernández, a dizer que divide todos os partidos (afinal a ERC aprovou pela margem mínima), mesmo quando eles alegam que “estão a unir”. 

O desbloquear do debate de investidura de Illa, que tem que acontecer até 29 de agosto, abre também a porta ao regresso a Espanha do líder do Junts per Catalunya, Carles Puigdemont. O ex-presidente da Generalitat, que se exilou na Bélgica para escapar à justiça, prometeu regressar para o debate, mesmo arriscando ser preso. Em teoria, Puigdemont é um dos beneficiários da amnistia - acordada para garantir o apoio dos independentistas à investidura de Sánchez - mas há ainda muitas dúvidas pendentes sobre o processo. 

susana.f.salvador@dn.pt

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