O Ministério Público do Brasil desencadeou uma operação, chamada Fim da Linha, contra duas empresas de ônibus que operam linhas de transporte municipal em São Paulo, maior cidade do país. Foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão. De acordo com a investigação, as companhias Upbus e TW, que transportam diariamente mais de 700 mil passageiros em São Paulo, são ligadas à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e utilizadas para lavar dinheiro obtido em crimes como tráfico de drogas e roubos..A TW, com frota de mais de 1200 veículos, é responsável por operar 90 linhas de transporte no extremo sul de São Paulo e a UpBus gere 13 linhas na zona leste da megalópole. Segundo os investigadores, o PCC, maior organização criminosa do Brasil, injetava dinheiro na empresa que depois distribuía o lucro, já limpo, de volta para o PCC..Ambas as empresas teriam recebido mais de 800 milhões de reais dos cofres públicos (cerca de 150 milhões de euros) só no ano passado mas Lincoln Gakiya, integrante do Gaeco, grupo do Ministério Público contra o crime organizado, disse não ter encontrado indícios de atuação criminosa de funcionários públicos ou de políticos. ."Há indícios sim, claros, de cartelização desse setor, essas duas empresas detêm a exploração de linhas importantes, e só havia um proponente nessas licitações", disse Gakiya. Segundo o promotor, "existem outras empresas sobre as quais já há inquérito policial instaurado pela Polícia Civil, com acompanhamento do Gaeco, inclusive. Provavelmente chegarão ao mesmo desfecho quando as investigações chegarem a seu término"..“O que nos preocupa é que a organização está tomando tamanho de máfia, se infiltrando no estado, participando de licitações de estado. Isso é característico de máfias, como a gente já viu na Itália. E essa operação está atuando na asfixia financeira desse grupo", concluiu..Os dirigentes das empresas presos por envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro do PCC, como Luiz Carlos Efigênio Pacheco, conhecido como Pandora, de 54 anos, dono da Transwolff, ostentavam uma vida de luxo, com mansões em condomínios de alto padrão, onde moram celebridades, e posse de carros desportivos e lanchas.