Empresário que há 3 meses não tinha partido derrotou primeiro-ministro Jansa

Robert Golob venceu com 34,5%, face aos 23,5% do aliado de Orbán e admirador de Trump.

Há menos de três meses, Robert Golob, ex-presidente de uma companhia de energia solar, não tinha partido para disputar as eleições. Agora, está à beira de se tornar primeiro-ministro da Eslovénia, depois do pequeno partido ecologista, cujo controlo assumiu, ter ganho mais de um terço dos votos nas eleições legislativas de domingo. É o último revés para a direita populista na Europa.

O Movimento Liberdade (antigo Partido de Ação Verde) de Golob conquistou 34,5% dos votos, muito à frente do conservador Partido Democrata Esloveno do primeiro-ministro Janez Jansa, que obteve 23,5%. A raiva pela repressão governamental às liberdades civis impulsionou o carismático engenheiro de 55 anos para o cargo de chefe de governo do país de dois milhões de habitantes.

"O nosso objetivo foi alcançado: uma vitória que nos permitirá levar o país de volta à liberdade", disse Golob na noite eleitoral aos apoiantes, por meio de uma videochamada a partir de sua casa, onde está em isolamento após ter sido infetado com covid-19.

Regresso à normalidade

Reconhecido pelo cabelo encaracolado pelos ombros, um estilo que diz ter desde a juventude, Golob é praticamente um recém-chegado à política. Durante a campanha, percorreu o país de autocarro e a sua equipa divulgou as suas mensagens e anúncios através do Facebook e Instagram. Recusou usar o Twitter para "evitar a tentação dos dedos rápidos". Golob prometeu restaurar a "normalidade", tendo apelidado as eleições como um "referendo à democracia".

No último mandato de Jansa (que regressou ao poder em 2020, depois de já ter chefiado o governo de 2004 a 2008 e de 2012 a 2013), milhares de manifestantes realizaram protestos regulares, acusando-o de usar a pandemia para atacar a liberdade dos media e do poder judiciário, minando o Estado de Direito. Aliado do primeiro-ministro húngaro, o nacionalista Viktor Orbán, e admirador do ex-presidente norte-americano Donald Trump, Jansa também tem chocado com Bruxelas por causa destes temas.

Golob disse à AFP que quer que o país "regresse" a estar "voltado para o Ocidente". Um ex-secretário de Estado responsável pela pasta da Energia, Golob também trabalhou algum tempo no Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos EUA, com uma bolsa Fullbright. Pai de três filhos, fundou a sua própria empresa de energia em 2002, acabando por liderar a GEN-I, após várias fusões, que promove a energia solar. Mas não foi reconduzido no ano passado, depois de o governo ter aumentado a sua participação e ter-se tornado no maior acionista.

A inexperiência política de Golob tem sido apontada como uma falha, mas os analistas acreditam que se pode aliar a um parceiro mais experiente, os Sociais Democratas (que foram quartos, com 6,6%). Em terceiro ficaram os democratas-cristãos (6,8%) e em quinto a Esquerda, que teve 4,4%.

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