Embaixador israelita na ONU pede demissão "imediata" de Guterres

Na abertura da reunião do Conselho de Segurança, Guterres condenou os "atos de terror" e "sem precedentes" perpetrados pelo Hamas em Israel. Mas admitiu ser "importante reconhecer" que os ataques do Hamas "não aconteceram do nada".
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O embaixador israelita junto das Nações Unidas (ONU), Gilad Erdan, pediu esta terça-feira ao secretário-geral, António Guterres, que se demita "imediatamente" após ter dito que os ataques do Hamas "não aconteceram do nada".

"O secretário-geral da ONU, que demonstra compreensão pela campanha de assassínio em massa de crianças, mulheres e idosos, não está apto para liderar a ONU. Peço-lhe que renuncie imediatamente", escreveu o diplomata na plataforma X (antigo Twitter).

"Não há qualquer justificação ou sentido em falar com aqueles que demonstram compaixão pelas mais terríveis atrocidades cometidas contra os cidadãos de Israel e o povo judeu. Simplesmente não há palavras", acrescentou.

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"O discurso chocante do secretário-geral da ONU, na reunião do Conselho de Segurança, enquanto foguetes são disparados contra Israel, provou conclusivamente, sem qualquer dúvida, que o secretário-geral está completamente desligado da realidade na nossa região e que vê o massacre cometido pelos terroristas nazis do Hamas de uma forma distorcida e imoral", escreveu o diplomata.

"A sua declaração de que 'os ataques do Hamas não aconteceram do nada' expressou uma compreensão do terrorismo e do assassínio. É realmente incompreensível. É verdadeiramente triste que o líder de uma organização que surgiu após o Holocausto tenha opiniões tão horríveis. Uma tragédia!", acrescentou Erdan.

Também o Embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, considerou que a ONU "perdeu a sua credibilidade ao trair o mundo livre".

"Faz hoje 78 anos que a Carta das Nações Unidas entrou em vigor com um objetivo: tornar o 'nunca mais' uma realidade. Hoje, 78 anos depois, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, provou que este organismo perdeu a sua credibilidade ao trair o mundo livre. Não há justificação para atos de terror. Ponto final!", escreveu nas redes sociais.

Momentos antes, na abertura da reunião do Conselho de Segurança, Guterres condenou inequivocamente os "atos de terror" e "sem precedentes" de 07 de outubro perpetrados pelo grupo islamita Hamas em Israel, salientando que "nada pode justificar o assassínio, o ataque e o rapto deliberados de civis".

Contudo, o secretário-geral da ONU admitiu ser "importante reconhecer" que os ataques do grupo islamita Hamas "não aconteceram do nada", frisando que o povo palestiniano "foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante".

"Viram as suas terras serem continuamente devoradas por colonatos e assoladas pela violência; a sua economia foi sufocada; as suas pessoas foram deslocadas e as suas casas demolidas. As suas esperanças de uma solução política para a sua situação têm vindo a desaparecer", prosseguiu Guterres.

O líder da ONU sublinhou, porém, que "as queixas do povo palestiniano não podem justificar os terríveis ataques do Hamas", frisando ainda que "esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano".

O chefe da diplomacia israelita, Eli Cohen, dirigiu-se esta terça-feira diretamente ao secretário-geral das Nações Unidas (ONU) para lhe perguntar "em que mundo vive", após António Guterres ter denunciado "violações claras" do direito humanitário em Gaza.

"Senhor secretário-geral, em que mundo vive?", questionou Eli Cohen numa reunião ministerial do Conselho de Segurança da ONU para abordar a situação no Médio Oriente, mais concretamente a guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas, assim como a situação do povo palestiniano.

"Sem dúvida, não é no nosso", acrescentou o ministro das Relações Exteriores, mostrando imagens dos ataques do Hamas contra civis.

Ainda na reunião do Conselho de Segurança, Eli Cohen alertou que "o Ocidente é o próximo" naquela a que chamou de "guerra do mundo livre" contra o terrorismo, simbolizada pelo grupo islamita Hamas, a que equiparou aos nazis.

"Esta guerra foi-nos imposta, não havia opção. Foi-nos imposta e não é apenas a guerra de Israel, mas a do mundo livre", disse o ministro num debate aberto com uma alta participação, incluindo de Portugal.

"Os terroristas não têm apenas em mente a destruição de Israel: o seu sonho é o mundo inteiro", insistiu.

Cohen rejeitou qualquer possibilidade de um cessar-fogo em Gaza, conforme foi pedido pelo secretário-geral da ONU: "Como é que alguém pode aceitar um cessar-fogo com alguém que jurou matá-lo, destruir a sua própria existência?" questionou, respondendo na sequência: "A resposta proporcional ao massacre de 07 de outubro é a destruição total do Hamas. Não é apenas o nosso direito, é a nossa obrigação", disse, num tom muito irritado.

O ministro israelita elogiou ainda o Presidente norte-americano, Joe Biden, e o seu secretário de Estado, Antony Blinken, "por mostrarem clareza moral e apoiarem Israel nestas horas sombrias", mas foi muito duro com Guterres por continuar a defender um cessar-fogo humanitário imediato.

Após o pronunciamento no Conselho de Segurança, o ministro israelita foi às redes sociais indicar que não se encontrará com Guterres nesta passagem por Nova Iorque.

"Não me encontrarei com o secretário-geral da ONU. Após o massacre de 07 de outubro, não há lugar para uma abordagem equilibrada. O Hamas deve ser apagado da face do planeta!", escreveu Eli Cohen na plataforma X.

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