Embaixada da Rússia culpa "regime de Kiev" pela destruição e vítimas inocentes
A Rússia rejeita todas as notícias que o Ocidente tem escrito sobre a guerra desencadeada por Moscovo e atribui a responsabilidade ao "regime de Kiev" pela "destruição e vítimas inocentes" porque, alega a embaixada da Rússia em Portugal numa declaração publicada no Facebook, "as Forças Armadas da Ucrânia, grupos nacionalistas e neonazistas estão a utilizar infraestruturas civis e população como escudos humanos".
A embaixada repete a terminologia de Vladimir Putin ao afirmar que "a Rússia continua a exercer uma operação militar especial com o objetivo de desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia" e negando que o exército russo esteja a ocupar o território ucraniano nem a combater contra a Ucrânia.
Em declarações à agência Lusa, no dia 17, o embaixador russo em Portugal Mikhail Kamynin declarara que a Rússia "não está a planear nenhuma intervenção" na Ucrânia.
"O objetivo de eliminar nazismo na Ucrânia e de a desmilitarizar será alcançado", afirma a declaração. Também assegura que serão levados à justiça - sem especificar qual - os responsáveis pelo "genocídio", ou seja, a guerra entre o exército ucraniano e os pró-russos que tomaram Donetsk e Lugansk.
Entretanto, denuncia, as forças armadas ucranianas e "grupos neonazistas, tais como Azov ou Setor Direito (Pravyi Sektor) e outros" têm cometido "crimes contra a humanidade e violações do direito internacional humanitário".
Acusa ainda os ucranianos de estarem a utilizar "infraestruturas civis e população como escudos humanos" ao instalarem "lançadores múltiplos de mísseis e artilharia nas cortes" em "edifícios residenciais, hospitais, escolas e creches".
Nessa "operação militar especial", afirma, o exército russo está a tomar "todas as medidas necessárias para preservar vidas" e a "segurança dos civis", até porque os únicos alvos, atingidos com "armas de alta precisão", são "instalações militares".
No entanto, regista a declaração da embaixada, há "ondas de mentiras e notícias falsas sem precedentes, factos distorcidos e fabricados que visam desacreditar a ação da Rússia", e em mais uma comparação com o regime nazi, chama à informação dos meios comunicação "propaganda ocidental de estilo Goebbels".
Os responsáveis pela diplomacia russa em Lisboa afirmam que são as "autoridades ucranianas e os seus patrões ocidentais" quem tem cometido "provocações desumanas" para culpar a Federação Russa. "Mas de facto é o regime de Kiev que está plenamente responsável por destruição e vítimas inocentes".
O comunicado dá ainda conta de que a embaixada tem recebido "muitas queixas" de cidadãos russos residentes em Portugal, vítimas de "perseguição e discriminação por simplesmente serem russos".
A embaixada diz que, em conjunto com as autoridades portuguesas, tudo fará para garantir a segurança dos concidadãos e, por outro lado, de responsabilizar criminalmente os autores dessas ações.
A relação entre a Rússia e Portugal sofreu com o início da guerra desencadeada por Moscovo no dia 24 de janeiro. Em consequência das sanções económicas e da condenação da agressão russa em sede da assembleia geral das Nações Unidas, Portugal está numa lista de nações "hostis" à Rússia segundo um decreto assinado pelo líder Vladimir Putin na segunda-feira.
O ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva considerou essa iniciativa uma "ameaça", mas desvalorizou-a. "Essas ameaças não nos amedrontam nem nos intimidam. Nós decidimos as nossas posições em concertação, quer no quadro das Nações Unidas, quer no quadro da União Europeia e da OTAN, e fazemos valer essas decisões que tomamos autonomamente nas organizações a que pertencemos", disse.