"Em breve teremos um novo presidente". Grupo Wagner reage a discurso de Putin

O presidente russo classificou de "traição" a rebelião armada promovida pelo líder do grupo paramilitar Wagner.
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Yevgeny Prigozhin, líder do grupo Wagner, reagiu este sábado ao discurso de Vladimir Putin afirmando que a Rússia em breve terá um novo presidente. Negou ainda a acusação de "traição" feita por Putin, chamando "patriotas" aos seus combatentes e garantindo que não se entregarão às autoridades.

"Pupa [Putin] fez a escolha errada. Pior para ele, em breve teremos um novo presidente"", pode ler-se numa mensagem na plataforma Telegram.

"No que diz respeito à traição à pátria, o Presidente enganou-se profundamente. Somos patriotas. Lutámos e lutamos (...) e ninguém pretende entregar-se por exigência do Presidente, do Serviço de Segurança Federal ou de quem quer que seja", afirma Prigozhin num novo áudio publicado no seu canal do Telegram.

Sustentando que Vladimir Putin "está profundamente enganado", o líder do grupo Wagner garantiu que os seus combatentes "não se renderão", afirmando que ele e os seus homens não querem que "o país continue a viver imersos na corrupção, na mentira e na burocracia".

"Quando combatemos em África, disseram que precisávamos de África e depressa a abandonaram porque roubaram todo o dinheiro destinado às ajudas", disse.

Prigozhin destacou ainda que, quando a campanha na Ucrânia começou, os combatentes do grupo Wagner foram combater, "mas o facto é que as munições, o armamento e todo o dinheiro que lhes eram destinados também foram roubados".

"Em contrapartida, os funcionários poupam em seu benefício, para casos como o de hoje, em que alguém avança sobre Moscovo. Agora não poupam em nada: atacam colunas pacíficas com aviões e helicópteros", denunciou.

O presidente russo, Vladimir Putin, classificou de "traição" a rebelião armada promovida pelo líder do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, prometendo "defender o povo" e a Rússia.

"As nossas ações para defender a pátria desta ameaça serão muito duras e os responsáveis serão levados à justiça", afirmou o presidente russo, que, no entanto, confirmou que a situação em Rostov é "difícil" e que as suas forças estão a tentar agora estabilizar a situação.

O chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, apelou a uma rebelião contra o comando militar russo, que acusou de atacar os seus combatentes.

Hoje de manhã, Prigozhin anunciou que o grupo paramilitar controla as instalações militares e o aeródromo de Rostov, uma cidade-chave para o ataque da Rússia à Ucrânia.

O líder do grupo paramilitar disse ter 25.000 soldados às suas ordens e prontos para morrer, instando os russos a juntarem-se a estes numa "marcha pela justiça".

Prigozhin acusara antes o Exército russo de realizar ataques a acampamentos dos seus mercenários, causando "um número muito grande de vítimas", acusações negadas pelo Ministério da Defesa da Rússia.

As acusações de Prigozhin expõem as profundas tensões dentro das forças de Moscovo em relação à ofensiva na Ucrânia.

O líder do grupo Wagner já tinha afirmado que o Exército russo está a recuar em vários setores do sul e leste da Ucrânia, Kherson e Zaporijia, respetivamente, e em Bakhmut, contrariando as afirmações de Moscovo de que a contraofensiva de Kiev era um fracasso.

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