No dia 13 de agosto de 2014, Eduardo Campos saiu do Rio de Janeiro, onde havia dado entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, e partiu para uma ação de campanha em Santos. À chegada à cidade do estado de São Paulo, no entanto, a aeronave onde o candidato à presidência da República nas eleições de dali a dois meses voava caiu num bairro residencial da região. Campos, dois pilotos, um assessor e três jornalistas morreram..O Brasil ficou em choque com a morte de um dos mais promissores políticos do Brasil, de 49 anos, governador de Pernambuco de 2007 até abril daquele ano, quando abdicou do cargo para concorrer à presidência pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), a força política cuja história se confunde com a do seu avô, Miguel Arraes, falecido em 2005, também num dia 13 de agosto..Campos decidiu candidatar-se em 2014 para “nacionalizar” o seu nome, já perfeitamente estabelecido em Pernambuco, e tentar ocupar um suposto espaço eleitoral entre Dilma Rousseff, que se recandidatava pelo Partido dos Trabalhadores (PT), e Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira. Ex-ministro da Ciência e Tecnologia de Lula da Silva, o surpreendente candidato conseguiu convencer Marina Silva, que não pôde concorrer ao Planalto por não conseguir registar a tempo o seu novo partido, o Rede, a ser a sua vice-presidente. .Com a queda do Cessna Citation 560XLS+, às 10h da manhã do dia 13 de agosto, no quintal de uma casa no bairro do Boqueirão, em Santos, e a consequente morte do candidato, Marina herdou a posição de Eduardo. A ambientalista teve 21% dos votos, insuficientes para passar à segunda volta, quando Dilma acabou por bater Aécio por mais de três milhões de votos..Dez anos depois, o “eduardismo”, como era chamada a corrente política em torno de Campos, continua muito vivo em Pernambuco: o filho, João Campos, eleito deputado federal em 2018, aos 24 anos, sob o slogan “o filho da esperança”, concorreu em 2020 à prefeitura do Recife e venceu a prima, Marília Arraes, que depois se candidatou a governadora de Pernambuco mas perdeu para Raquel Lyra, uma ex-secretária de Campos no executivo estadual. E na política nacional, depois de o PT, de Lula, e o PSB, de Campos, manterem por décadas uma relação ora de aproximação, ora de afastamento, a vice-presidência da República está hoje nas mãos dos socialistas, através de Geraldo Alckmin. .Para assinalar o desaparecimento do líder, no sábado, 10, dia em que Campos faria 59 anos, o PSB abriu oficialmente o “Ano Eduardo Campos”, que vai durar até agosto de 2025, com o tema “60 anos, Um Legado”. “A nossa intenção não é apenas registar a data da morte mas celebrar a vida de Eduardo, ele permanece vivo na política de Pernambuco, as referências ao seu governo, ao seu modelo de gestão, são constantes”, disse Sileno Guedes, presidente do PSB, citado pelo Jornal do Commercio. “Além disso, ainda há João (Campos), que reacende a lembrança”, prosseguiu, em referência ao prefeito de Recife, filho de Campos. .Esta segunda-feira, a Assembleia Legislativa de Pernambuco realizou uma sessão solene em homenagem ao ex-governador. Está também agendada a celebração de uma missa em memória dos 10 anos da morte de Campos e pelos 19 anos do falecimento do seu avô, Miguel Arraes. Na Câmara dos Deputados, em Brasília, haverá esta terça-feira uma sessão solene para “homenagem à vida e ao legado de Eduardo Campos”.