O dia de protesto e de greve geral em Israel, para exigir ao governo um acordo que facilite a libertação dos reféns que estão na Faixa de Gaza, culminou este domingo (17 de agosto) com uma manifestação de cerca de 500 mil pessoas (segundo a organização) na Praça dos Reféns, em Telavive. “Exigimos que deixem de sacrificar os nossos soldados em Gaza, salvem os reféns e acabem com a guerra que há muito perdeu o rumo”, disse à multidão Anat Angrest, mãe do soldado Matan Angrest, um dos 50 reféns ainda no enclave palestiniano (dos quais apenas 20 estarão ainda vivos).“Acordamos todas as manhãs sem saber se ele está vivo. Não estou a falar de política, estou a falar de moralidade. Não procuro piedade, só quero que o meu irmão regresse e que todos os reféns regressem. Até lá, não ficaremos em silêncio”, explicou também Dvir Kuperstein, irmão do refém Bar Kuperstein.Já Osnat Gantz sabe que o sobrinho, o capitão Omer Nautra, está morto. “Não queremos mais famílias enlutadas, mais soldados feridos, nem mais soldados a suicidarem-se, nem mais guerra, destruição e devastação. Sabemos que não voltarão a casa através de combates, mas apenas através de um acordo que trará todos de volta para nós. E isso precisa de acontecer agora, porque já chega, já não há ar para respirar”, afirmou.O ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, que deixou o cargo já em 2024, disse aos manifestantes na Praça dos Reféns: “Temos o dever supremo de trazer todos para casa.” Segundo ele “há duas ações que precisamos de realizar: devolver os reféns e substituir o regime do Hamas. Só há uma forma de cumprir esta missão: primeiro devolver os reféns e depois continuar a eliminar o Hamas até ao último deles. Se agirmos de forma diferente, não teremos ninguém para trazer para casa. Este é o nosso objetivo supremo.”A multidão assistiu depois a um excerto do vídeo de mais um refém, Matan Zangauker, que pedia à mãe para continuar “a fazer barulho” e dizendo “esperar voltar a vê-la em breve”. No palco, Einav Zangauker elogiou a coragem do filho, um “herói”, raptado há 681 dias. “O Matan pediu barulho, por isso, façam barulho”, gritou, sob os aplausos dos presentes.O “dia de pausa”, como foi denominado, incluiu dezenas de cortes de estradas, com barricadas a arder em algumas autoestradas. Pelo menos 39 pessoas foram detidas, segundo as autoridades, tendo havido confrontos entre alguns manifestantes e motoristas apanhados nos bloqueios. Apesar de o principal sindicato israelita não ter aderido ao apelo de greve geral, muitas empresas estiveram paradas.Netanyahu ignorou os protestos, dizendo numa reunião do seu Governo: “Aqueles que hoje apelam ao fim da guerra sem derrotar o Hamas não estão apenas a endurecer a posição do Hamas e a atrasar a libertação dos nossos reféns. Estão também a assegurar que os horrores de 7 de Outubro se repitam indefinidamente.” O primeiro-ministro continua a apostar na operação militar para assumir o controlo total da Faixa de Gaza como a melhor forma de conseguir a libertação dos reféns.As Forças de Defesa de Israel avançam nos seus planos para ocupar a cidade de Gaza e forçar dezenas de milhares de palestinianos a sair. Segundo a Al-Jazeera, pelo menos 57 pessoas morreram nos bombardeamentos israelitas durante este domingo, incluindo 38 que procuravam ajuda humanitária..Netanyahu critica greve pela volta do reféns. Mais de 30 pessoas detidas nos protestos.Israel anuncia nova fase da ofensiva centrada na cidade de Gaza.Apesar de discordar de Netanyahu, líder das Forças de Defesa de Israel aprova plano para Gaza