Detenção de soldados reabre feridas no Governo israelita
A polícia militar israelita interrogou nove soldados detidos por suspeita de abuso sexual de um detido palestiniano, um dia depois de manifestantes de extrema-direita, deputados incluídos, terem invadido duas Bases do Exército em seu apoio. O caso volta a expor as fraturas no Governo de coligação do Likud (direita) de Benjamin Netanyahu com os partidos da extrema-direita religiosa.
No exterior do Tribunal Militar de Beit Lid, dezenas de pessoas reuniram-se, pelo segundo dia consecutivo, para protestar contra a detenção dos soldados, que trabalhavam como guardas na Base de Sde Teiman, no Deserto do Neguev. São “suspeitos de abuso substancial” de um prisioneiro palestiniano. À CNN, o grupo de médicos Physicians for Human Rights Israel disse que o detido, na casa dos 30 anos, foi levado para um hospital público no início de julho. O observatório Clube dos Prisioneiros Palestinianos acusou os soldados de “violação”.
Pouco depois de os suspeitos terem sido detidos pela polícia militar na segunda-feira, dezenas de manifestantes, incluindo deputados de extrema-direita, forçaram a entrada no Centro de Detenção do Exército e da base para onde os soldados foram transportados.
Os ministros de extrema-direita israelitas manifestaram apoio aos soldados, tendo Bezalel Smotrich, das Finanças, apelado ao Ministério da Defesa para pôr termo aos “maus-tratos aos heróis do Exército”.
Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional, com a tutela da polícia, apelou à libertação dos soldados. O ministro da Defesa, Yoav Gallant, respondeu com uma carta a Netanyahu, na qual pediu uma investigação à ação da polícia.
Apesar de alguns terem invadido o perímetro militar com máscaras na cara e armas, nenhum manifestante foi detido. Segundo os media israelitas, em Conselho de Ministros, Netanyahu condenou os manifestantes, mas comparou-os com os que fazem bloqueios das autoestradas nos protestos contra o Governo.
O líder da oposição, Yair Lapid, pediu para que o sucedido seja debatido no Knesset. “Não estamos à beira de um abismo, estamos no abismo”, disse. A CNN revelou em maio alegações de abusos em Sde Teiman, incluindo a prática de vendar os olhos, imobilização física e uso prolongado de algemas, que provocaram ferimentos graves. A Amnistia Internacional denunciou “tortura desenfreada” nas prisões israelitas.