Deslocados de Mariupol lembram em Lviv bombardeamento do teatro
O teatro de Mariupol, onde estavam cerca de mil civis, ficou praticamente destruído com o impacto de uma bomba da aviação russa, a 16 de março de 2022.
Um ano após a tragédia, os moradores deslocados de Mariupol lembram as vítimas do bombardeamento do teatro da cidade, onde mil civis se refugiaram durante o cerco russo, que causou dezenas de milhares de mortes.
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"Os habitantes da cidade procuravam lá [no teatro] segurança. Foi um raio de esperança no meio a toda a destruição. Mas tornou-se numa armadilha", afirmou a coordenadora do evento memorial no centro de Lviv, para a homenagem às vítimas, Alevtyna Shevtsova, jornalista de Mariupol.
Para lembrar as vítimas mortais, os moradores deslocados da cidade acenderam velas longo da faixa recriada com os dizeres "Crianças" em frente ao teatro, além de cartazes semelhantes apareceram nos cinemas de outras oito cidades onde milhares de deslocados de Mariupol encontraram refúgio.
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"Temos que falar sobre a tragédia de Mariupol para que o mundo não esqueça os crimes de guerra contra as pessoas de paz", enfatizou Alevtyna Shvetsova.
Quando o teatro ficou quase destruído com o impacto de uma bomba da aviação russa, em 16 de março de 2022, a cidade de 430 mil habitantes já estava cercada pelas forças russas e sofria bombardeios há quase três semanas.
Os ataques aéreos começaram em 9 de março, lembra Shevtsova, recordando que levaram centenas de pessoas a perder as casas e a juntarem-se num dos símbolos da cidade, o teatro, onde voluntários locais se organizaram para dar abrigo e alimentação aos necessitados.
"As pessoas estavam por toda parte no teatro, nos corredores, no hall, até no palco, já que não havia espaço no abrigo antiaéreo. Os elementos de madeira e os assentos eram usados como lenha para cozinhar", lembra a jornalista.
A bomba destruiu por completo a parte central do teatro, tendo alguns fragmentos caído na entrada do abrigo antiaéreo, mas o número total de vítimas é desconhecido, continuando desaparecidos moradores da cidade.
De fontes ucranianas, incluindo a administração municipal, as estimativas do número total de vítimas variam entre cerca de 22 mil e quase 90 mil.
A ofensiva militar lançada pela Rússia na Ucrânia em 24 de fevereiro do ano passado causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus -, de acordo com dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
As estativas apontam, neste momento, para 17,7 milhões de ucranianos a precisar de ajuda humanitária e 9,3 milhões a necessitar de ajuda alimentar e alojamento.