Desenho comprado por 26 euros há cinco anos pode afinal ser uma obra de arte avaliada em 50 milhões
Cinco anos depois de um norte-americano ter comprado um desenho incluído na venda de uma propriedade em Concord, no estado de Massachusetts, por 30 dólares (cerca de 26 euros), especialistas internacionais em arte reuniram-se para discutir a obra que muitos acreditam ser um original do renascentista Albrecht Durer e que poderá valer 50 milhões de dólares (cerca de 44 milhões de euros).
Segundo o Boston Globe, um painel de especialistas reuniu-se no British Museum para discutir a obra, que um dos participantes na reunião descreveu como um "sonho".
Em causa está um desenho intitulado "A Virgem e o Menino com uma flor num banco com relva", que retrata uma cena íntima onde Maria, sentada, segura o menino Jesus, que a observa atentamente.
"Fiquei completamente surpreendido", disse Christof Metzger, especialista em Durer e curador-chefe do Museu Albertina em Viena, que abriga um dos mais importantes tesouros de desenhos do artista. "Para mim, não há absolutamente nenhuma dúvida de que este é um original de Albrecht Dürer, de cerca de 1503", garantiu.
Os especialistas chegaram à conclusão de que a obra seria da autoria de Albrecht Durer depois de um encontro improvável entre Clifford Schorer, um empresário e negociante de arte que recupera obras perdidas de mestres antigos, e Brainerd Phillipson, um vendedor de livros raros que conhece o comprador original.
Ao procurar um presente para entregar à ex-diretora do Yale Centre for British Art, Amy Meyers, que estava a festejar a entrada na reformar, Schorer procurou no Google revendedores de livros raros na zona e chegou até Phillipson.
Schorer comprou um conjunto de três volumes de livros de William Blake, mas quando este estava a sair da loja, Phillipson mencionou que tinha um amigo com um desenho que suspeitavam ser de Durer. Posto isto, Schorer comprometeu-se a examinar a obra, tendo ficado com o contacto de Phillipson, ainda que tivesse desconfiado de que seria impossível que fosse uma obra do mestre renascentista.
O que é certo é que Schorer examinou a imagem que Phillipson lhe enviou através de MMS e chegou à conclusão de que precisava de ver uma imagem com melhor qualidade, tendo depois chegado à conclusão que o impossível poderia, afinal, ser realidade.
"Fiquei completamente sem palavras", disse Schorer, que descobriu várias obras importantes ao longo dos anos. "Estava a tentar perceber se estava a olhar para a maior falsificação que já vi ou uma obra-prima", confessou, citado pelo Boston Globe.
Sempre sem revelar a identidade do comprador original, Schorer deu um adiantamento de 100 mil dólares (cerca de 88 mil euros) ao homem e à sua esposa e viajou muito para consultar especialistas nos Estados Unidos e na Europa que analisam tintas, pontas de caneta e registos de propriedade antigos, assim como historiadores, conservadores de papel, investigadores de marcas de água, curadores de museus e outros especialistas em arte.