“Demos por garantido que a democracia estava para ficar. Se não votarmos será tomada por regimes que não a privilegiam”
Parlamento Europeu

“Demos por garantido que a democracia estava para ficar. Se não votarmos será tomada por regimes que não a privilegiam”

Delphine Colard afirma “no contexto geopolítico muito difícil”, política como “defesa, segurança e resiliência da sociedade, tornaram-se prioritárias para os eleitores.
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Neste dia da Europa e a exactamente um mês da eleições europeias, o DN conversou em Bruxelas com a chefe do serviço de porta-vozes do Parlamento Europeu. Delphine Colard afirma que os dados mais recentes do Parlamento Europeu apontam para um interesse crescente nas eleições europeias e uma maior consciência dos cidadãos sobre o impacto das políticas de Bruxelas no dia a dia. Mas, é num tom de alerta que lança um apelo à participação nas eleições de 9 de junho.

“Provavelmente durante demasiado tempo, demos [a democracia] por garantida. Pensávamos que a democracia estava aqui para ficar. Mas se a democracia não for defendida, se as pessoas não participarem, se as pessoas não votarem, então ela também pode ser facilmente recuperada por regimes ou forças de movimentos que não privilegiam esta democracia parlamentar e este debate democrático”, afirmou.

Questionada sobre a possibilidade de um reforço da presença parlamentar de partidos antagónicos ao projecto europeu e mesmo anti-democráticos, Delphine Coulard remete para as palavras “expressas pela presidente desta casa, Roberta Metsola”, que já manifestou “a esperança de que ainda exista uma maioria muito sólida no centro [político] que permita atender às expectativas dos cidadãos”.

“Essa é a razão pela qual o Parlamento lançou um documentário que está agora disponível online, através de diferentes plataformas, chamado “Pass it On”, destacou a porta-voz, salientando que o objectivo é “mostrar às gerações mais velhas que, provavelmente, viveram tempos onde a democracia não estava presente nas suas vida, e a importância que isso teve”. Neste documentário, os participantes “passaram a mensagem aos seus netos, sobre a importância disso”.

Ao mesmo tempo, o Parlamento Europeu criou um site sobre as eleições de 9 de junho, - que pode consultar aqui em português, para “dar detalhes muito práticos aos cidadãos”, com questões como “se você for um português a viver na Bélgica, como vota? Se é belga a viver em Portugal, como vota? E como pode garantir que pode votar? Portanto, o propósito é realmente facilitar a vida dos eleitores, mas também lembrá-los da importância de participar”, detalhou Delphine Golard.

Coulard afirma que da União Europeia esperam-se “soluções” para questões concretas e, por essa razão, “é preciso existir aqui uma maioria que possa funcionar e que esteja a trabalhar para, basicamente, as concretizar”. 

Entre as medidas que os cidadãos consideram prioritárias estão agora “a defesa, segurança, resiliência da sociedade, alimentação ou segurança”, em particular, tendo em conta “o contexto geopolítico muito difícil”.

“Para Portugal, trata-se realmente do apoio à economia, da criação de novos empregos, mas também da luta contra a pobreza e a exclusão social, ou, por exemplo, da saúde pública”, referiu, apontando questões particulares que determinam as areas que os portugueses consideram prioritárias para uma resposta europeia.

“Sabemos que a questão do setor habitacional é importante, especialmente para os jovens portugueses que têm dificuldades em aceder à propriedade é, provavelmente, a razão pela qual estes tópicos são prioritários para Portugal”. 

Como forma de determinar o rumo política na União Europeia “é importante para lembrar às pessoas que têm o direito de votar, [um direito] que não é evidente em todos os países do mundo. Eles têm esse direito, o direito democrático, e não podem dar a democracia como garantida, então têm de usar o seu voto, porque caso contrário, basicamente serão outros que decidirão por eles”, afirma.

A propósito da expectativas para a participação eleitoral, Colard afirma que “60% dos eleitores dizem que estão interessados em votar em junho, e 70% afirmam que provavelmente votariam se as eleições fossem já depois de amanhã. 

“Em geral, vemos um aumento do interesse. Esperemos que isso possa traduzir-se em uma participação real no dia 9 de junho”, afirmou.

 

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